Publicada em 22/06/2023 às 14h30
Os efeitos da guerra na Ucrânia continuam respingando na próxima reunião dos Brics, que será realizada entre 22 e 24 de agosto na África do Sul. A Rússia, um dos membros do bloco, chamou de “inapropriada” uma possível presença do presidente da França, Emmanuel Macron, na próxima reunião dos líderes de países que compõem a organização.
“Enviamos um sinal de que, com todo o respeito às prerrogativas da anfitriã [África do Sul] de convidar convidados individuais, é preciso partir do fato de que o Brics é uma aliança de países que rejeita categoricamente o uso de sanções unilaterais para resolver questões de política externa”, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, à agência estatal Tass nesta quinta-feira (22/6).
“Diante disso, a presença de autoridades ocidentais seria claramente inapropriada lá [na reunião]”, completou Ryabkov.
Apesar de não citar o nome do presidente francês, a declaração do ministro russo acontece dias após a diplomacia da França confirmar que Emmanuel Macron participaria da próxima cúpula dos Brics caso recebesse um convite.
Durante uma visita oficial à África do Sul, na última segunda-feira (19/6), a ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, disse ter informado à chanceler sul-africana, Naledi Pandor, a “disponibilidade” e “interesse” do presidente da França em participar da próxima cúpula dos Brics.
A ministra francesa disse que a decisão de convidar Macron para a reunião “deve ser tomada, não pela França, mas pelos Brics e principalmente pela África do Sul, que é a anfitriã da cúpula”. No entanto, Catherine Colonna condicionou um possível convite sul-africano ao presidente francês ao “pleno respeito ao direito internacional”, fazendo uma referência à Vladimir Putin.
O líder russo é procurado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), e a situação provocou um impasse diplomático para a África do Sul. Sede do próximo encontro dos Brics, o país governado por Cyril Ramaphosa segue a jurisdição da Corte, por isso teria como obrigação prender e extraditar Putin caso o presidente da Rússia compareça ao evento.