Publicada em 22/07/2023 às 09h27
Um ataque de drone ucraniano na Crimeia explodiu um depósito de munição, provocando evacuações na península anexada à Rússia e paralisando o tráfego ferroviário, apenas cinco dias depois de uma ofensiva danificar uma ponte estratégica da Rússia.
A Ucrânia lançou uma contra-ofensiva no início de junho para reconquistar os territórios tomados pela Rússia e expressou sua intenção de recuperar a Crimeia, que Moscou anexou em 2014.
Na sexta-feira, falando por videoconferência no Fórum de Segurança de Aspen, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse que a ponte da Criméia, que ele disse ter sido construída em violação ao direito internacional, deveria ser "neutralizada".
A Kerch Bridge é a única infraestrutura que liga esta península à Rússia. É usado para transportar equipamentos militares russos para a frente ucraniana. "Como resultado de um ataque de drone inimigo no distrito de Krasnogvardeyskiy, houve uma explosão em um depósito de munição", disse o líder pró-Rússia da Crimeia, Sergei Aksionov, no Telegram neste sábado (22).
“Decidiu-se evacuar as pessoas que vivem num raio de 5 km” e, “para minimizar os riscos, parar também a circulação ferroviária”. O tráfego rodoviário foi brevemente interrompido. Aksionov não disse onde exatamente o ataque ocorreu, dizendo apenas que foi no distrito de Krasnogvardeiski, localizado no centro da Crimeia. Segundo ele, não houve vítimas.
Evolução dos ataques
Os ataques nesta península do Mar Negro se intensificaram nas últimas semanas. Há cinco dias, uma ofensiva atingiu a ponte da Crimeia, que já havia sido atacada por tropas ucranianas em outubro de 2022.
Os drones navais causaram danos consideráveis e dois civis que dirigiam na ponte foram mortos. O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu uma "resposta" de seu exército e pediu "melhoria da segurança" na ponte.
Na região de Zaporizhia, no sul da Ucrânia, um jornalista russo da agência de notícias estatal Ria Novosti foi morto em um bombardeio ucraniano no sábado, disseram os militares russos em comunicado.
"Unidades das forças armadas ucranianas lançaram um ataque de artilharia contra um grupo de jornalistas" e "feriram quatro repórteres de forma mais ou menos grave", disse o exército russo.
"Durante a evacuação, o jornalista da RIA Novosti Rostislav Zhuravlev morreu devido aos ferimentos resultantes da explosão de munições cluster", disse o exército. Segundo a agência Ria Novosti, "o ataque ocorreu perto da cidade de Pitikhatki" na região de Zaporizhia (sul).
O governador da região russa de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia, acusou as autoridades ucranianas no sábado de terem lançado bombas coletivas na cidade de Zhuravlevka na sexta-feira.
"Na região de Belgorod, 21 projéteis de artilharia e três munições cluster de um lançador de foguetes múltiplos foram disparados [pelo exército ucraniano] na vila de Zhuravlevka", disse o governador Viacheslav Gladkov no Telegram, referindo-se aos ataques na sexta-feira.
Além dos combates, a semana foi marcada sobretudo por uma escalada verbal entre a Ucrânia e a Rússia, depois que Moscou encerrou na segunda-feira o acordo que facilitava a exportação de grãos dos portos ucranianos do Mar Negro.
O Kremlin alertou na quarta-feira que consideraria navios de carga com destino à Ucrânia como possíveis alvos militares. A Ucrânia, por sua vez, anunciou na quinta-feira que consideraria navios com destino a portos controlados pela Rússia como possíveis navios para transportar equipamento militar, "com todos os riscos associados".