Publicada em 04/07/2023 às 11h12
As hepatites virais são um grave problema de saúde pública. A doença causa alterações no fígado, que podem ser leves, moderadas ou graves. Pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas. Para reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle da infecção, foi criada a campanha Julho Amarelo.
Em Porto Velho, a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), através do Departamento de Vigilância em Saúde (DVS), vai realizar o I Workshop de Hepatites Virais de Porto Velho em parceria com a Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa).
O evento acontece nos dias 6 e 7 próximos, no Hotel Rondon, das 8h às 18h, para profissionais e acadêmicos da área da saúde. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas até quarta-feira (5) através deste link.
TIPOS DE HEPATITES
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Existem ainda, com menor frequência, o vírus da hepatite D, mais comum na região Norte. E ainda o vírus da hepatite E, que é menos comum no Brasil, sendo encontrado com maior facilidade na África e na Ásia.
HEPATITE A
Na maioria dos casos, é uma doença de caráter benigno, contudo o curso sintomático e a letalidade aumentam com a idade. A transmissão é através do contato de fezes com a boca e tem grande relação com alimentos ou água inseguros, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal.
Quando presentes, os sintomas são inespecíficos, podendo se manifestar inicialmente como: fadiga, mal-estar, febre, dores musculares. Esses sintomas iniciais podem ser seguidos de sintomas gastrointestinais como: enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia.
HEPATITE B
Hepatite B é o segundo tipo que mais atinge a população brasileira e pode ser transmitida de mãe para filho durante a gestação ou durante o parto, pelo sangue e outros líquidos/ secreções corporais contaminados, compartilhamento de alicates de unha, contato sexual com uma pessoa infectada, injeções ou feridas provocadas por material contaminado.
Na maioria dos casos não apresenta sintomas. Por causa disso, muitas vezes a doença é diagnosticada muito tempo após a infecção, com sinais relacionados a outras doenças do fígado, como cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados. Esses sintomas costumam aparecer em fases mais avançadas da doença.
Em adultos com a forma crônica da hepatite B, o risco de desenvolver cirrose ou câncer de fígado é de 20% a 30%.
HEPATITE C
É o tipo mais comum no Brasil e tem 98% de chances de cura quando tratada, transmitida através da prática sexual desprotegida com uma pessoa infectada. O contágio também pode ocorrer por meio do contato com sangue em instrumentos como agulhas, alicates, material de tatuagem e secreções.
É uma doença silenciosa, razão pela qual a maioria das pessoas não sabe que está infectada e acaba descobrindo apenas quando há alguma complicação de saúde. Os sintomas mais comuns da hepatite C são dor ou inchaço abdominal, fadiga, náusea e vômitos, perda de apetite, febre, urina escura, coceira, amarelamento da pele e olhos, sangramento no esôfago ou no estômago.
Dados do Ministério da Saúde apontam que 65% a 80% dos casos de hepatite C evoluem para a forma crônica; 20% para cirrose e 1% a 5% para câncer de fígado. A médica infectologista Lourdes Maria Borzacov ressalta que pessoas com hepatites B ou C podem ter uma excelente qualidade de vida, mas para isso o diagnóstico da doença precisa ser precoce e o paciente siga o tratamento e as orientações corretamente.
“As hepatites B e C podem se transformar em problema sério de saúde quando descobertas tardiamente. Por isso, a gente orienta que a população procure as unidades de saúde para realizar o teste rápido, mesmo sem apresentar sintomas”.
HEPATITE D
A hepatite D crônica é considerada a forma mais grave de hepatite viral crônica, com progressão mais rápida para cirrose e um risco aumentado para descompensação, CHC e morte. A hepatite D está associada com a presença do vírus B da hepatite para causar a infecção e inflamação das células do fígado. As formas de transmissão são idênticas às da hepatite B.
HEPATITE E
Na maioria dos casos é uma doença de caráter benigno. Pode ser grave na gestante e raramente causa infecções crônicas em pessoas que tenham algum tipo de imunodeficiência.
O vírus da hepatite E é transmitido principalmente pelo consumo de água contaminada e em locais com infraestrutura sanitária frágil. Outras formas de transmissão incluem: ingestão de carne mal cozida ou produtos derivados de animais infectados (por exemplo, fígado de porco); transfusão de produtos sanguíneos infectados; e transmissão vertical de uma mulher grávida para seu bebê.
ONDE BUSCAR AJUDA
Todas as unidades básicas de saúde da zona urbana e rural estão devidamente equipadas, e possuem profissionais de saúde capacitados, para a realização do teste rápido, uma das formas para detecção da hepatite B e C. O diagnóstico também pode ser feito por meio de exame laboratorial.
Para a médica infectologista Lourdes Maria Borzacov, todo cidadão deve realizar a testagem, seja na rede pública ou privada. “Quem usa plano de saúde ou faz consulta particular deve solicitar o exame sorológico para o médico”.
PREVENÇÃO
Na rede pública de saúde há vacinas que previnem contra as hepatites A e B, esta previne também o aparecimento da hepatite D. Não existe imunizante contra a hepatite C, por isso a prevenção é a melhor solução: preservativo nas relações sexuais, evitar compartilhamento de materiais de uso único como agulha, seringa, alicate, lâmina de barbear, escova de dente, as gestantes devem realizar o pré-natal regularmente.
A melhor forma de evitar a hepatite E é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene, como, por exemplo: lavar as mãos regularmente antes das refeições e após utilizar o banheiro, higienizar os alimentos e cozinhar bem antes do consumo, lavar adequadamente pratos, copos, talheres e mamadeiras, entre outros.
"É muito importante fazer a testagem rápida pelo menos uma vez na vida. Pessoas de risco devem procurar o teste com maior periodicidade”, finaliza a infectologista.
TRATAMENTO
Em casos de diagnóstico positivo para as hepatites, o paciente é encaminhado ao Serviço de Atendimento Especializado (SAE). O tratamento é realizado gratuitamente e busca reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, especificamente cirrose, câncer hepático e morte.
CASOS
Nos últimos cinco anos, as hepatites B e C registraram juntas 882 novos casos na Capital, sendo 179 em 2022, 168 em 2021, 97 em 2020, 205 em 2019 e 231 em 2018. A baixa das notificações nos últimos anos, principalmente em 2020 e 2021 deve-se à pandemia da Covid-19, razão pela subnotificação em diversas outras patologias.