Publicada em 10/07/2023 às 15h39
Um relatório com dados preliminares sobre a situação climática, divulgado nesta segunda-feira (10/7) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) da Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, Suíça, mostrou que o gelo marinho da Antártica teve uma “redução massiva”.
Desde o início de junho deste ano, o gelo marinho da Antártica “atingiu a menor extensão” e, agora, está 17% abaixo da média — marca negativa que quebrou o recorde anterior, segundo a OMM.
“Essa é uma queda realmente dramática na extensão do gelo marinho na Antártida”, disse o chefe de monitoramento climático da OMM, Omar Baddour.
Os dados indicam que, em comparação com a média a longo prazo, a área perdeu cerca de 2,6 milhões de km² de gelo no mar antártico. E, quase 1,2 milhão de km² em relação com o recorde negativo de 2022.
Em Geneva, o chefe do Programa Mundial de Pesquisas Climáticas, Michael Sparrow disse que a situação da Antártida é surpreendente, além de “uma queda enorme”.
“Estamos acostumados a ver essas grandes reduções no gelo marinho no Ártico, mas não na Antártida. É uma queda enorme”, disse Sparrow durante coletiva.
Dias atrás, a entidade de observação climática da União Europeia, a Copernicus, divulgou os rastros das altas temperaturas no Ártico. Fotos capturadas por satélite mostram que uma ilha de neve na Groenlândia derreteu em apenas quatro dias.
Junho também alcançou uma marca climática preocupante: o mês mais quente da história. De acordo com informações de um relatório do Serviço de Mudanças Climáticas da UE, junho ficou acima de 0,5°C da média de 1991-2020, quebrando o recorde anterior do mês em 2019.
O planeta também registrou uma série de temperaturas sem precedentes na superfície do mar.
“As temperaturas no Atlântico Norte são inéditas e preocupantes. Eles são muito mais altos do que qualquer coisa que os modelos previram”, declarou. “Isto terá um efeito negativo nos ecossistemas e nas pescas e no nosso clima”, afirmou Sparrow.
Para o diretor de serviços climáticos da OMM, Christopher Hewitt, o planeta pode esperar a quebra de mais recordes negativos com a chegada do El Niño.
“Estamos em território desconhecido e podemos esperar que mais recordes caiam à medida que o El Niño se desenvolve e esses impactos se estenderão até 2024”, disse ele. “Esta é uma notícia preocupante para o planeta”, reforçou Hewitt.