Publicada em 17/07/2023 às 15h42
"Estamos a retirar as bandeiras da Rússia e da empresa militar privada Wagner da nossa base em Molkino. A base deixa de existir. [O grupo] Wagner está a ir para outras localidades", anunciou um membro dos mercenários num vídeo transmitido no Telegram.
Outro mercenário presente durante a gravação especificou, após a retirada das bandeiras, que a base de Molkino "deixará de existir oficialmente em 30 de julho".
Paralelamente, o projeto de investigação bielorrusso Gayun, que se dedica a monitorizar a atividade militar na Bielorrússia, deu conta hoje a chegada de uma nova coluna Wagner, composta por mais de 100 carros, camiões e autocarros, na sua nova base perto da cidade de Osipovichi.
Esta é a terceira coluna do Grupo Wagner a chegar à Bielorrússia nos últimos dias e, segundo o projeto Gayun, "tudo indica que não é a última".
Minsk confirmou na semana passada que alguns dos instrutores do Grupo Wagner já estavam no país, após o acordo alcançado no seguimento da rebelião contra a liderança militar russa em 24 de junho.
O Ministério da Defesa da Bielorrússia também revelou que os paramilitares já começaram a treinar tropas locais.
"Anunciamos que o departamento militar e a administração da empresa [Wagner] traçaram um plano de curto prazo para a preparação e troca de experiências entre diferentes unidades militares", disse um comunicado do Ministério.
Hoje, Minsk ratificou um acordo assinado com a Rússia sobre a criação e operação de centros de treino conjuntos para os seus militares.
Ao mesmo tempo, até o momento não foram divulgadas informações concretas sobre o futuro do Grupo Wagner na Bielorrússia, nem o número aproximado de membros da força paramilitar que se deslocarão para este país.
Mercenários do Grupo Wagner, que desempenhou um papel crucial na ofensiva russa no leste da Ucrânia, realizaram uma rebelião armada em 24 de junho na qual tomaram uma importante base em Rostov, no sul da Rússia, seguindo para Moscovo com o objetivo de depor as chefias militares.
As colunas amotinadas só foram paradas quando se encontravam a pouco mais de duas centenas de quilómetros da capital, com a mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, a troco de uma amnistia, instalação dos membros Wagner na Bielorrússia ou integração nas forças regulares de Moscovo.
Nos últimos dias, têm sido noticiadas detenções, demissões suspensões e ou demissões de altas patentes russas por alegado envolvimento na tentativa de rebelião, em plena contraofensiva ucraniana contra as forças de Moscovo, que invadiram a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.