Publicada em 03/07/2023 às 15h28
PORTO VELHO (RO) - Para tratar sobre as dificuldades de inserção de pessoas surdas no mercado de trabalho formal, o presidente da Associação dos Surdos do Estado de Rondônia, senhor Geovane Vasconcelos de Souza, e o vice-presidente da Associação, senhor Sérgio Maciel da Silva, foram recebidos pelo Procurador do Trabalho e Coordenador Regional da Coordenadoria Nacional de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade) Igor Sousa Gonçalves, na sede da Procuradoria Regional do Trabalho da 14ª Região/Rondônia e Acre, na sexta-feira, 16 de junho de 2023, para uma reunião.
No encontro, o senhor Geovane Souza relatou ao Procurador do Trabalho Igor Gonçalves que muitas pessoas com surdez, mas com qualificação para o trabalho, com formação acadêmica e com experiência profissional encontram barreiras para serem inseridas no mercado de trabalho formal, “sendo preteridas em processos seletivos, ao concorrer com pessoas ouvintes”.
De acordo com o presidente da Associação dos Surdos de Rondônia, “quando pessoas com essa limitação são contratadas, na maioria das vezes têm seu trabalho restrito a atividades braçais, por falta de intérpretes das libras (Língua Brasileira de Sinais). Relatou que no mês de abril deste ano de 2023, uma grande empresa da região realizou processo seletivo para contratação de pessoas com deficiência, “mas houve preterição a pessoas surdas, que nem chegaram a ser convocadas nesse processo por contarem no currículo que são PCD/Surda”, reclamou.
Outras empresas, segundo Geovane Souza, não chamam pessoas surdas nos processos seletivos que realizam para contratação de pessoas com deficiência, também por falta de intérpretes para se comunicarem por meio da língua de sinais (Libras) durante a entrevista, “descartando, desse modo, as pessoas com surdez antes do início do processo”.
Como exemplo do isolamento e da falta de oportunidades e igualdade no trabalho, o presidente da Associação dos Surdos de Rondônia relatou ao Procurador do Trabalho Igor Gonçalves que há casos de empresas que contratam pessoas surdas, mas que estas “nunca tiveram oportunidades de promoção, enquanto empregados ouvintes, alguns com pouco tempo de empresa, às vezes meses de ingresso, são promovidas”.
Para o senhor Sérgio Maciel da Silva, vice-presidente da Associação de Surdos de Rondônia, “a situação de exclusão do mercado formal de trabalho no estado se agrava mais quando as pessoas surdas são negras ou se enquadram no grupo LGBTQIA +”.
Após ouvir os relatos do dirigente da entidade associativa, o Procurador do Trabalho Igor Gonçalves, apresentou o banco de projetos da Procuradoria do Trabalho da 14ª Região (Rondônia e Acre), criado para que projetos de relevante públicos possam ser contemplados com a reversão de recursos oriundos de ações movidas na Justiça do Trabalho. Acordou-se, ainda, que no prazo de dez (10) dias, a Associação apresentará ao MPT documentos relacionados às irregularidades praticadas pelas empresas indicadas para que sejam adotadas medidas cabíveis da alçada do Ministério Público do Trabalho.
A reunião realizada na sede do MPT em Porto Velho entre o Procurador do Trabalho Igor Gonçalves e os membros da direção da Associação dos Surdos de Rondônia contou com a presença e participação dos servidores Aloisio Spadeto, representante da Assessoria de Planejamento Estratégico do MPT na região de Rondônia e Acre, que apresentou o site do MPT e como ter acesso e responder aos questionários para fins de cadastramento junto ao banco de projetos disponível no site da Procuradoria Regional do Trabalho (PRT), sede da regional do MPT.