Publicada em 08/07/2023 às 09h46
Porto Velho, RO – Passou praticamente despercebido o desafio lançado pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, que esteve em Rondônia na última quinta-feira (06).
Isto, para abordar questões envoltas ao Planejamento Plurianual (PPA) do Programa Brasil Participativo.
A despeito de pedir união e alegar que o período eleitoral já passou, Macêdo aproveitou para dar uma leve “alfinetada” em Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, e, por tabela, também em seus eleitores locais.
O componente do estafe do governo Lula, do PT, disse que haveria ainda naquela data uma reunião com a Casa Civil e dentro de cinco sugestões, três serão prioridades para o Planalto. “São propostas construídas à quatro mãos, entre o Governo Federal e o Estadual. Como são obras de infraestrutura, devem entrar no PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]”, declarou.
“Todas as grandes obras que existem em Rondônia foram feitas durante o governo Lula ou Dilma”, asseverou.
E concluiu:
“As usinas do Madeira e a ponte do Acre e Rondônia foi deixada com 78% das obras feitas e apenas concluíram no governo passado. Eu desafio a vocês: mostrem uma obra feita por esse governo passado”.
O ministro não foi contestado por qualquer autoridade presente ou membro de imprensa. O silêncio ecoou no salão.
Na realidade, tudo transcorreu de maneira tranquila, positiva e sem grandes traumas de ordem ideológica. A única intercorrência, no entanto, veio do anúncio pesaroso da primeira-dama Luana Rocha, quando anunciou que o marido, Marcos Rocha, do União Brasil, passou mal e teve de ser internado.
A curiosidade sobre a menção do ministro a realizações do petismo no estado tem a ver justamente com a parte eleitoral.
Jair Bolsonaro fora aclamado em Rondônia, recebendo mais de 70% dos votos no segundo turno da disputa com Lula.
O estado não foi suficiente para reconduzi-lo, já que o ex-morador do Palácio do Alvorada foi batido nas duas etapas do pleito, sendo enxotado do posto pela população brasileira.
O primeiro presidente não-reeleito desde a redemocratização do País em 1988 (a primeira disputa com direito à reeleição veio 10 anos depois, em 98).
Em seus anos portanto a faixa presidencial, Bolsonaro esteve algumas vezes no estado, chegou a inaugurar a ponte que liga Rondônia ao Acre (já praticamente concluída por gestões anteriores) e gerou diversos adeptos políticos. E eles estão aí fazendo “escola”, com muito discurso e pouca prática, a exemplo do deputado Coronel Chrisóstomo, do PL; e os senadores Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, membros da mesma legenda.
Inclusive o trio poderia responder ao desafio do ministro e citar obras que tenham sido realizadas no estado por Bolsonaro do início ao fim.
Em suma, apesar de representantes de esquerda e direita não se darem muito bem no campo das ideias, a capacidade do novo governo federal em dialogar e buscar soluções reais aos problemas estruturais devem trazer inúmeros benefícios às plagas rondonienses.