Publicada em 11/07/2023 às 09h44
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, voltou a cobrar nesta terça-feira (11/7) que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) formalize um convite para a entrada do país na aliança militar. Segundo o mandatário, é algo “absurdo” que ainda não haja um prazo definido para adesão da Ucrânia ao grupo.
“É sem precedentes e absurdo que não tenha sido definido um prazo nem para o convite nem para a adesão da Ucrânia. Ao mesmo tempo, palavras vagas sobre ‘condições’ são usados para falar de um convite à Ucrânia”, afirmou Zelensky.
Os líderes de todos os países-membros da Otan estão reunidos nesta terça em Vilnius, na Lituânia, para uma das principais cúpulas do bloco, que vai avaliar a entrada da Suécia e da Ucrânia na aliança.
A expectativa, porém, é que o grupo adie a abertura da candidatura para Kiev, sob o argumento de que isso poderia aumentar o risco de uma terceira guerra mundial. Há, no código da Otan, um artigo que prevê a mobilização de todos os aliados para defender um de seus membros.
A caminho da reunião, Zelensky cobrou um posicionamento da Otan e enfatizou ter sido informado sobre discussões estarem ocorrendo sobre ucranianos, sem a presença de um representante da nação. Ele citou, inclusive, debates sobre a adesão de novos membros.
“A Ucrânia estará representada na cúpula da Otan em Vilnius. Porque se trata de respeito. Mas a Ucrânia também merece respeito. Agora, a caminho de Vilnius, recebemos sinais de estão ocorrendo certas discussões sem a Ucrânia”, prosseguiu o mandatário.
“Parece que não há disposição nem para convidar a Ucrânia para a Otan nem para torná-la membro da aliança”, frisou.
Segundo ele, a decisão de postergar a participação do país na aliança militar significa que uma janela de oportunidade está sendo deixada para negociações com a Rússia. O que significaria, para o governo de Vladmir Putin, “uma motivação para continuar seu terror”.
“Incerteza é fraqueza. E vou discutir isso abertamente na cúpula”, prometeu.
Otan e a Ucrânia
Apesar de não ser membro, o país é um parceiro da Otan, e este status confere algum nível de proteção entre os outros membros, o que lhes garantiu injeção de armamento enquanto enfretam os russos. Inclusive, os ucranianos pleiteavam entrada no grupo, o que foi um dos motivos para a invasão russa.
O temor russo era ter em seu “quintal” uma presença forte de um país associado aos EUA com o selo da Otan. O Kremlin tenta impedir que bases militares ocidentais sejam criadas para, eventualmente, serem usadas contra a Rússia no futuro.
Por outro lado, países-membro liderados pelos Estados Unidos avaliam que a entrada da Ucrânia durante a guerra resultaria em sérios riscos à estabilidade mundial, abalada pelo conflito com Moscou.
Zelensky, no entanto, esperava que a Otan oferecesse uma via rápida de entrada – isso porque, para ingressar na aliança militar, o país deve cumprir uma série de requisitos e esperar a votação por unanimidade dos países membros, em um processo que pode levar até dois anos.