Publicada em 23/08/2023 às 15h42
Por Larina Rosa*
Porto Velho, RO – Metade do mês de agosto já passou e a campanha de conscientização no combate à violência contra mulher continua. Os números de casos de agressão e feminicídio pioraram, mas pelo menos no oitavo mês do ano as redes sociais dos órgãos públicos e as empresas privadas já se esforçam para alertar mulheres sobre a importância da campanha Agosto Lilás.
Pode não parecer, mas é possível perceber o resultado da campanha de conscientização voltado para as mulheres. Até aqui as palestras e rodas de conversas voltadas para elas ajudaram a distinguir os tipos de violência que variam entre agressões físicas, psicológicas, verbais, patrimonial e sexual.
Hoje a maioria delas já reconhece o ciclo de violência e os perigos da dependência emocional e financeira em um relacionamento, graças aos anos de luta de outras mulheres e homens que também ajudaram na causa.
A discussão é um avanço em Rondônia, estado que lidera o vergonhoso ranking de matar mais mulheres no país. Acontece que mesmo com elas mais esclarecidas sobre o assunto o número de casos de violência persistem.
O tema que causa desconforto e muitas vezes é evitado nas rodas de conversas também precisa ser levado para eles, público que precisa reconhecer atitudes e comportamentos machistas reproduzidos no dia a dia.
Essas discussões devem estar presentes além dos Centros de Referência em Assistência Social. É hora de fazer eles entenderem a importância de se posicionarem ao presenciar casos de agressão física contra uma mulher, assédio e outros tipos de violência. De se posicionarem em favor da vítima, mesmo diante de piadas machistas que são consideradas brincadeiras mas que perpetuam comportamentos ruins.
E principalmente fazer o agressor entender que sua atitude não é aceitável e que a impunidade não é mais uma realidade e a sua despreocupação e a falta de respeito com o próximo acarretará consequências.
Outro dia me perguntaram se já fui agredida, a pergunta me fez pensar na cultura de estranhamento em falar abertamente sobre os casos de agressão. Nunca fui agredida, mas tento me colocar no lugar de mulheres que independente do credo ou classe social, sofrem. Acredito que não custa nada respeitar a reclamação alheia para tentar melhorar a nossa passagem por aqui.
O mês de consciência contra a mulher já faz diferença, mas ele pode ser melhor se eles também abraçarem a causa. Elas já entendem os perigos de um relacionamento abusivo. Chegou a hora de levar a discussão até eles, onde estiverem.
Acredito que ficamos mais fortes unidos, quando discutimos nossos medos e desejos e ampliamos nossos direitos de vivermos em paz. Para finalizar pensei em fazer outra provocação mas escolhi deixar uma reflexão do escritor José Saramago, “Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais”.
*Jornalista rondoniense que acredita na luta contra a violência de gênero e igualdade de direito das mulheres