Publicada em 29/08/2023 às 12h53
É tempo de mostrar um cartão vermelho contra essa violação dos direitos humanos", afirmou a agência em comunicado, instando os países da União Europeia a protegerem mais as mulheres e apoiarem mais as vítimas.
A maioria das mulheres na União Europeia experimentou algum tipo de assédio sexual ou violência, de acordo com a agência.
"Esse grave abuso dos direitos humanos é uma realidade diária para mais da metade da população da UE", lê-se no documento.
Os dados coletados pela agência em uma pesquisa revelam que duas em cada cinco meninas (43%) entre os 18 e os 19 anos de idade experimentaram toques não consentidos, abraços e beijos. Mais da metade das mulheres (55%) sofreu assédio sexual desde os 15 anos.
De acordo com a mesma fonte, uma em cada três mulheres (33%) foi sujeita a violência física/sexual. Para um terço das vítimas, o agressor foi o chefe, um colega ou um cliente.
Porém, a maioria das mulheres não denunciou a qualquer instância a violência ou o assédio: "Muitas acharam que a polícia não iria fazer nada, sentiram vergonha ou temeram agravar" a situação.
"O assédio e a violência podem ter um impacto devastador na vida das mulheres, desde agressões físicas até consequências psicológicas", adverte a agência.
O organismo europeu cita dados do Eurostat para lembrar que todos os anos centenas de mulheres são mortas pelos parceiros.
O debate atual mostra que os países da UE têm de fazer mais para combater o assédio e a violência contra as mulheres, defendeu a agência europeia.
"Todos os países deveriam assinar a Convenção de Istambul para prevenir e combater a violência contra as mulheres e a violência doméstica. Até o momento, apenas 21 estados da União o fizeram", sublinhou a agência, defendendo também que os governos devem garantir recursos à polícia, à justiça e ao setor da saúde, para trabalharem juntos na prevenção e no apoio às vítimas.
A posição da FRA surge no momento em que se discute mais um caso polêmico no esporte, neste caso espanhol.
O presidente da federação espanhola de futebol, Luis Rubiales, foi suspenso pela FIFA por 90 dias por causa de um beijo na boca a uma jogadora da seleção espanhola após a vitória da Espanha na Copa do Mundo de Futebol Feminino em Sydney.
A comissão de presidentes das federações de futebol das comunidades autônomas de Espanha exigiu, na segunda-feira, que Luis Rubiales renuncie à presidência da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) de "forma imediata", condenando os "inaceitáveis comportamentos que prejudicaram gravemente a imagem do futebol espanhol".
Os presidentes das federações regionais exigiram ainda "uma profunda reestruturação orgânica nos cargos estratégicos da RFEF" e comprometeram-se com "as políticas de igualdade para o desenvolvimento do futebol feminino".
Após os acontecimentos em Sydney, seguiram-se inúmeras críticas a Rubiales, e a jogadora Jenni Hermoso afirmou que não tinha consentido o beijo, ao contrário do que garante o presidente da federação.
Rubiales disse na sexta-feira que não iria abandonar o cargo, o que provocou um novo pico de contestação e extremar das posições, com as jogadoras da seleção a anunciarem que não estarão disponíveis para voltar a representar Espanha enquanto os atuais dirigentes da RFEF permanecerem nos cargos.
No sábado, a FIFA anunciou a suspensão de Rubiales do cargo, por 90 dias, e 11 membros da equipe técnica do selecionador, Jorge Vila, apresentaram a demissão. Por seu lado, o técnico condenou o "comportamento impróprio" do presidente da RFEF.