Publicada em 22/08/2023 às 14h53
Em uma carta aberta, a organização não-governamental (ONG) pediu que "sejam dadas instruções" aos líderes dos diversos ramos das forças armadas e ao diretor-geral dos Carabineiros, a força policial do país, para pôr fim aos denominados "pactos de silêncio" sobre o ocorrido durante a ditadura civil-militar que perdurou entre 1973 e 1990.
No âmbito do Plano Nacional de Buscas promovido pelo ministério da Defesa, a AI convida também as instituições mencionadas a tornar pública a informação sobre destruição de arquivos e a colaborar "ativamente e de boa-fé" com as investigações judiciais relacionadas a pessoas envolvidas ou testemunhas de violações de direitos humanos, entre outros pontos.
"É imperativo que as autoridades façam todos os esforços para que se alcancem os objetivos deste Plano, sempre com o diálogo e a participação direta das associações de familiares e sobreviventes e das demais organizações de direitos humanos. Para isso, as Forças Armadas não podem, de forma alguma, estar afastadas deste processo", destaca a AI.
Para a ONG, o Plano Nacional de Buscas deve ser "uma iniciativa permanente do Estado como um todo e não apenas de um Governo passageiro" e deve contar com todos os recursos necessários e com as associações de familiares e vítimas do regime de Pinochet.
"O Plano deve ser ambicioso e não se limitar ao simbólico. Ao mesmo tempo, não deve criar expectativas nas famílias que dificilmente possam ser cumpridas", acrescenta a organização.
Em setembro de 2022, o Governo chileno deu os primeiros passos para iniciar um ambicioso plano de busca de pessoas detidas desaparecidas, que será apresentado em 30 de agosto nas comemorações do Dia Internacional das Vítimas de Desaparecimentos Forçados e no contexto da celebração dos 50 anos do Golpe de Estado.
De acordo com dados do ministério da Justiça, coletados pela Anistia Internacional, do total de 1.469 vítimas de desaparecimento forçado, apenas 307 foram identificadas.
A ditadura do Chile durou 17 anos e fez mais de 40 mil vítimas, incluindo executados, detidos desaparecidos, prisioneiros políticos e torturados, conforme números de uma comissão oficial que coletou depoimentos de vítimas e familiares.
Mais de 3.200 chilenos perderam a vida pelas mãos de agentes do Estado ditatorial.