Publicada em 19/08/2023 às 10h06
Porto Velho, RO – Em um contexto político marcado por intensas polarizações e divergências ideológicas, a função primordial dos senadores de representar os interesses e as necessidades de seus estados se torna ainda mais crucial. No entanto, a realidade que se desenha em Rondônia apresenta um quadro preocupante de atuação senatorial. Com três senadores no Congresso Nacional - Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, ambos filiados ao Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro, e Confúcio Moura, membro do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) - a população rondoniense se vê diante de um dilema de representatividade.
Marcos Rogério e Jaime Bagattoli, com suas ligações ideológicas estreitas com o PL e, por extensão, com as pautas da direita à extrema-direita, levantam questões pertinentes sobre a efetividade de sua atuação no Senado. Em vez de se dedicarem a uma representação plural e abrangente dos interesses da população, parecem estar comprometidos principalmente com a defesa das agendas partidárias e das convicções ideológicas. A lealdade excessiva à família Bolsonaro é um indicativo de que suas ações podem ser mais reflexo do alinhamento partidário do que do compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar de Rondônia.
O princípio básico da representação política é justamente a capacidade de abarcar uma diversidade de vozes e opiniões, mas quando essa diversidade é sobrepujada por um fervor ideológico, corre-se o risco de alienar uma parcela da população e prejudicar a busca por soluções equilibradas. A representatividade exige um equilíbrio entre as visões de mundo, mas Marcos Rogério e Jaime Bagattoli parecem estar mais interessados em ceder às exigências de sua base eleitoral do que em promover uma discussão construtiva e alcançar consensos.
Por outro lado, temos Confúcio Moura, figura que parece navegar entre as águas da política sem um compromisso claro com qualquer direção. Embora pertencente ao MDB, partido que historicamente ocupou diferentes posições no espectro político brasileiro, Moura adota uma postura ambígua em relação aos assuntos de interesse estadual e nacional. Sua parca manifestação em questões regionais cruciais revela uma hesitação em assumir posições firmes e uma preferência por evitar polêmicas. Essa ambiguidade pode ser interpretada como uma estratégia para atrair apoio de diferentes grupos políticos, mas deixa um vácuo de liderança e representatividade, especialmente em um momento de desafios significativos para o estado.
Um exemplo claro da lacuna entre a retórica política e a ação efetiva é a crise aérea em Rondônia. Com a retirada de voos das companhias aéreas Azul e Gol, o estado enfrenta uma situação de isolamento que impacta não apenas a mobilidade dos cidadãos, mas também a economia local. Diante desse cenário, a resposta dos senadores tem sido, no mínimo, insatisfatória. Enquanto a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) parece transferir a responsabilidade para outras esferas, os senadores têm demonstrado uma apatia preocupante diante do problema.
É notável que, em contrapartida à inércia dos senadores, outras instituições têm tomado a iniciativa de enfrentar o problema. A Câmara Municipal de Porto Velho e a Assembleia Legislativa do Estado (ALE/RO) mostram um engajamento mais ativo na busca por soluções. Essas ações locais contrastam com a falta de liderança efetiva por parte dos senadores, que parecem incapazes de articular respostas contundentes e eficazes para as questões que afetam diretamente seus representados.
A população de Rondônia merece mais do que discursos vazios e posições ambíguas. Ela necessita de representantes comprometidos com a promoção do bem comum, independentemente de agendas partidárias ou ligações ideológicas. Em um momento em que a representatividade real é tão crucial para o fortalecimento da democracia, a atuação dos senadores rondonienses deixa a desejar. A população exige uma abordagem mais proativa, uma postura de diálogo genuíno e uma busca por soluções tangíveis para os problemas que enfrentam.
Em última análise, a representatividade política deve transcender os limites das ideologias e dos interesses partidários, visando primordialmente o bem-estar da população. Os senadores de Rondônia têm uma responsabilidade crucial em defender os interesses e as necessidades de seu estado, promovendo o desenvolvimento econômico, a justiça social e a qualidade de vida de seus cidadãos. A população rondoniense merece um nível mais elevado de comprometimento e dedicação por parte de seus representantes, em vez de uma atuação marcada por ideologias excessivamente rígidas, ambiguidades ou letargia política. O futuro de Rondônia depende disso.