Publicada em 18/08/2023 às 10h29
Porto Velho, RO – A crise aérea que assola Rondônia transcende a mera falta de voos ou conexões aéreas.
Ela é um reflexo de um sistema político e regulatório que falha em cumprir suas obrigações e responsabilidades para com a população. O estado enfrenta um cenário desolador, no qual empresas aéreas, como Azul e Gol, retiraram ofertas de voos, deixando os cidadãos isolados e prejudicados.
A Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), em resposta, adotou uma postura de inércia e "lavar de mãos", e a classe política na esfera federal parece negligenciar a situação. No entanto, em meio a essa inércia federal, surge uma luz de esperança no âmbito municipal, com a Câmara Municipal de Porto Velho assumindo um papel de protagonismo na busca por soluções através de audiências públicas.
Descompromisso da Bancada Federal e Inércia Política
A representatividade política é o alicerce da democracia, uma via para a voz da população ecoar nos corredores do poder. Contudo, a crise aérea em Rondônia ressalta uma desconexão gritante entre os membros da bancada federal do estado e os interesses dos cidadãos. Especialmente porquanto sua nova liderança, o deputado federal Maurício Carvalho, do União Brasil, ainda não mostrou a que veio. Enquanto a população enfrenta dificuldades crescentes de mobilidade, a liderança meia-boca dos congressistas regionais parece mais interessada em agendas partidárias ou pessoais. A falta de ações efetivas para reverter a retirada de voos das principais companhias aéreas é uma demonstração de negligência para com as necessidades e direitos da população.
A bancada federal tem o dever de fiscalizar, promover mudanças legislativas e mediar soluções quando o bem-estar da população é prejudicado. A crise aérea não é somente um problema econômico, mas também afeta a acessibilidade, o desenvolvimento regional e a qualidade de vida dos cidadãos rondonienses. É essencial que os representantes do estado ajam em consonância com os princípios democráticos, colocando o interesse coletivo acima de suas agendas pessoais.
ANAC: Entre a Omissão e a Responsabilidade
A ANAC, como órgão regulador da aviação civil, tem o dever de zelar pela segurança, acessibilidade e qualidade dos serviços aéreos no país. No entanto, sua postura de "lavar as mãos" diante da crise aérea em Rondônia é uma demonstração clara de negligência institucional. A agência não pode se eximir de sua responsabilidade, especialmente quando a falta de voos afeta diretamente a conectividade de uma região com o restante do país.
A retirada de voos por empresas aéreas afeta a economia local, o turismo e a mobilidade da população. Nesse contexto, a ANAC tem a obrigação de intervir, mediar negociações e adotar medidas que incentivem a retomada dos voos. A postura evasiva da agência mina a confiança da população nas instituições e demonstra uma falta de compromisso com suas próprias responsabilidades.
A Câmara Municipal de Porto Velho: Um Surpreendente Papel de Intermediação
Enquanto a inércia é predominante na esfera federal, um vislumbre de esperança surge no âmbito municipal. A Câmara Municipal de Porto Velho tem adotado uma abordagem proativa, promovendo audiências públicas para discutir a crise aérea e buscar soluções. Essa atitude demonstra que, mesmo em uma escala menor, a ação política pode ser eficaz e representar os interesses da população.
As audiências públicas da Câmara são um exemplo de como a política pode ser utilizada como ferramenta de mediação e resolução de problemas. Essa atitude serve como contraponto à inércia federal, lembrando que os representantes políticos têm a obrigação de agir em prol da população, independentemente das dificuldades ou complexidades envolvidas.
Comparação com a Atuação da Bancada Federal do Acre
É interessante notar que, em meio à crise aérea, a atuação da bancada federal do Acre destoa do cenário de inércia observado em Rondônia. De acordo com uma reportagem do G1, a bancada federal do Acre está se mobilizando para resolver os problemas da aviação civil no estado vizinho. Em uma reunião com o Ministro de Portos e Aeroportos, o coordenador da bancada federal do Acre, Alan Rick (União Brasil), discutiu alternativas para a crise. O Ministro Márcio França afirmou que o objetivo é garantir que mais pessoas consigam viajar no Acre e que planeja realizar uma visita ao estado.
Esse contraste entre as atuações das bancadas federais de Rondônia e do Acre é um lembrete eloquente de que os representantes políticos têm o poder e o dever de intervir em situações que afetam diretamente a população. Enquanto a bancada do Acre demonstra comprometimento em buscar soluções, a bancada de Rondônia parece estar aquém do necessário para atender às demandas de seus eleitores.
Um Chamado à Responsabilidade e à Ação
A crise aérea em Rondônia é um triste retrato da inércia e descompromisso que permeiam a esfera federal. A falta de voos afeta não apenas a conectividade, mas também a economia, o desenvolvimento regional e a qualidade de vida dos cidadãos. A bancada federal e a ANAC têm a obrigação de agir em consonância com os interesses da população, assegurando soluções eficazes para a crise.
As ações proativas da Câmara Municipal de Porto Velho mostram que a política pode ser um instrumento de transformação, mesmo quando os obstáculos parecem intransponíveis. A população rondoniense merece representantes comprometidos, capazes de superar interesses pessoais e partidários em prol do bem comum.
O exemplo da bancada federal do Acre nos lembra que a postura política pode ser a diferença entre o descaso e a ação efetiva. Os políticos de Rondônia têm a responsabilidade de seguir esse exemplo e buscar soluções concretas para a crise aérea que afeta seus cidadãos. A inércia não é uma opção aceitável quando os direitos e a qualidade de vida dos cidadãos estão em jogo. A crise aérea deve ser uma chamada à responsabilidade e à ação imediata, visando não apenas a retomada dos voos, mas também a restauração da confiança na política e nas instituições que regem nosso país.