Publicada em 04/08/2023 às 14h59
"Afalta de progressos no sentido da responsabilização é inaceitável e sublinha a necessidade de uma reforma judicial e de um maior respeito pelo Estado de direito no Líbano", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller
O incidente de 04 de agosto de 2020 no porto de Beirute foi causado pela explosão de milhares de toneladas de nitrato de amónio armazenadas em más condições.
É considerada uma das maiores explosões não nucleares da história recente.
A explosão provocou 220 mortos, mais de sete mil feridos e grandes danos materiais na capital do Líbano.
"As vítimas e as suas famílias merecem que seja feita justiça e que os responsáveis pela catástrofe e pelas causas subjacentes sejam responsabilizados", acrescentou o porta-voz da diplomacia norte-americana.
Mais de 300 organizações, vítimas e familiares pediram na quinta-feira que o Conselho dos Direitos Humanos da ONU apoie uma investigação internacional independente ao incidente.
Numa carta aos membros Conselho dos Direitos Humanos da ONU, os signatários denunciaram que a ingerência política contínua na investigação das autoridades libanesas impede o apuramento dos factos e dos responsáveis pela explosão.
A organização não-governamental Human Rights Watch (HRW), com sede em Nova Iorque, que também subscreve a carta, atribuiu o desastre ao fracasso do Governo libanês em proteger a população.
A investigação das autoridades libanesas está suspensa desde dezembro de 2021, após uma série de contestações legais feitas contra o principal investigador do caso, o juiz Tarek Bitar, por políticos acusados de crimes.
Em janeiro este ano, uma tentativa de Bitar de retomar a investigação foi frustrada pelo procurador público, Ghassan Oueidat, uma das pessoas que o juiz tinha acusado na investigação da explosão.
Oueidat processou Bitar, suspendendo a investigação, e ordenou a libertação dos 17 suspeitos detidos em conexão com o caso. Desde então, pelo menos um suspeito fugiu do país.
Em março, 38 países condenaram a obstrução generalizada e a interferência na investigação, numa declaração conjunta entregue pela Austrália ao Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Cinco meses depois, as autoridades libanesas não tomaram medidas significativas para garantir o progresso e a independência da investigação judicial, segundo os signatários da carta enviada à ONU.