Publicada em 04/08/2023 às 11h00
Referência no tratamento de média e alta complexidade no estado de Rondônia, o Hospital de Base Ary Pinheiro – HBAP, em Porto Velho, será o primeiro da região Norte do Brasil a realizar cirurgias de transplante de tecido ósseo. A unidade hospitalar possui credenciamento obtido junto ao Sistema Nacional de Transplantes – SNT, desde 2019, permitindo que a unidade hospitalar rondoniense possa fazer este tipo de procedimento cirúrgico.
A coordenadora do transplante ósseo do Hospital de Base Ary Pinheiro – HBAP, Thais Santos, relatou que, com a pandemia, todos os procedimentos de transplantes tiveram que ser paralisados, inclusive ósseos. “Com o fim da pandemia, retornamos com o projeto em fevereiro deste ano, e houve a necessidade de capacitação por parte da equipe, que também mudou. Como também assumi recentemente, precisei verificar tudo que foi deixado antes da pandemia, para darmos continuidade agora”, conta.
Atualmente, são mais de 100 pacientes que aguardam na fila para o transplante de tecido ósseo e com o início do serviço, haverá agilidade nos atendimentos. Todo o material para o procedimento, como ossos, tendões, meniscos e cartilagens, será fornecido pelo banco de tecidos do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia – Into.
Com a situação de saúde controlada, após a pandemia, os pacientes que necessitam de transplante ficam com grandes expectativas em ser atendidos. A moradora de Ji-Paraná, Janecirlene Neves dos Santos é uma das pacientes que aguarda ser chamada para a realização do transplante, pois, após um acidente de trânsito sofreu várias fraturas pelo corpo, uma delas no fêmur, o qual precisa de um transplante para que sua vida volte ao normal.
“Sofri um acidente de trânsito em 2020 e como consequência, tive várias fraturas pelo corpo, incluindo tíbia, joelho e fêmur. O problema maior que sinto hoje é no fêmur, fiz implante de uma placa, porém, tive rejeição pelo organismo e depois de nove meses, passei por uma segunda cirurgia para remover esta placa. Hoje, aguardo ansiosamente pelo transplante”, contou.
CAPACITAÇÃO
Membros da equipe de transplantes do Hospital de Base, composta por Thais Santos, a responsável pelo fluxo ambulatorial, Aldemira de Souza, os médicos transplantadores Nelson Marquezini, Rodrigo Vick e mais um instrumentador, estiveram entre os dias 24 e 28 de julho, no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad – Into, do Ministério da Saúde, no Rio de Janeiro (RJ). Durante a capacitação, os profissionais viram como é feito o processo de transplante de tecido ósseo, armazenamento e manipulação do tecido, internação do paciente, com a expertise do órgão, de modo a fazer a melhor ação possível em Rondônia.
PONTO-SATÉLITE
Por ser o único hospital credenciado ao Sistema Nacional de Transplantes – SNT da região Norte, o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad – INTO, recomendou ao Hospital de Base que, após o início da realização dos exames, a unidade fosse considerada um “ponto-satélite” para receber todos os tecidos e fazer a distribuição para os hospitais dos estados do Acre, Amazonas, Pará e Roraima, a fim de facilitar a logística.
CIRURGIAS
No tocante às cirurgias de transplante de tecido ósseo, Thais Santos ressaltou que, os trâmites estão em andamento para que os procedimentos sejam realizados ainda neste mês de agosto, no Hospital de Base Ary Pinheiro. “Com as cirurgias sendo feitas no local de origem do paciente, isso vai gerar redução de custos para o Sistema Único de Saúde – SUS, diminuindo despesas de hospedagem com pacientes em Tratamento Fora de Domicílio – TFD e seus parentes acompanhantes, como acontece com aqueles que precisam ser transplantados no Into, por exemplo”, explicou.
AUXÍLIO
Para armazenamento de tecidos e cartilagens ósseas na temperatura ideal, a Secretaria de Estado da Saúde – Sesau está realizando o processo de compra de um freezer adaptado a -80º C, para auxílio na realização dos transplantes. “Essa é uma preocupação do Governo para que este serviço seja ofertado para a população do Estado de Rondônia, tendo em vista que são pessoas que aguardam na fila pelo transplante há muito tempo”, destaca a responsável pelo fluxo ambulatorial, Aldemira de Souza.