Publicada em 01/08/2023 às 14h58
Um navio de 93 metros de comprimento e 27 de largura, com 223 cabinas, deveria começar hoje a abrigar até 500 requerentes de asilo, numa iniciativa emblemática da nova política migratória do Governo conservador de Rishi Sunak, mas o projeto foi adiado por questões de segurança.
Atracado no porto de Portland, em Dorset (sul), o navio Bibby Stockholm deveria acolher requerentes de asilo, enquanto os pedidos eram analisados. Os migrantes não estaram detidos e poderiam sair e entrar no navio livremente, explicou, em julho, o Ministério do Interior britânico.
Mas esta iniciativa está a provocar polémica no Reino Unido e a dividir opiniões, entre os que apoiam uma estratégia de maior controlo da imigração e os que condenam a criação do que consideram ser uma "prisão flutuante", obrigando o Governo a adiar várias das suas iniciativas nesta área.
Sunak, que tem visto a sua popularidade cair nas sondagens, a um ano das próximas eleições legislativas, endureceu a sua retórica anti-imigração e promete acabar com as travessias ilegais no Canal da Mancha.
Uma nova lei que entrou em vigor em julho - e que tem sido criticada dentro e fora de fronteiras, inclusivamente pela ONU - proíbe os migrantes que fizeram a perigosa travessia - eram mais de 45 mil em 2022 e já são quase 15 mil em 2023 - de pedirem asilo no Reino Unido.
Londres também quer reduzir a conta de hospedagem em hotéis para requerentes de asilo, que chega a 2,3 mil milhões de libras (2,6 mil milhões de euros) por ano, usando como instalações bases militares desativadas, barcaças atracadas e até tendas.
Para já, o porto da cidade de Portland, no sul, é o único do país que aceitou atracar este género de base de recolha de requerentes de asilo, obrigando o Governo de Londres a abandonar outros projetos semelhantes.
Mas mesmo o projeto de Portland foi agora adiado, com as autoridades locais a alegarem "verificações finais" depois de os bombeiros terem levantado preocupações sobre a segurança da barcaça.
O destino desta iniciativa ilustra bem as dificuldades do Governo britânico em colocar em prática os seus múltiplos projetos de substituição dos hotéis.
No norte de Inglaterra, um projeto para alojar 2.000 requerentes de asilo numa base militar desativada também foi adiado na semana passada, por falta de pessoal qualificado para gerir água, gás e eletricidade no local.
No ano passado, um projeto semelhante na aldeia de Linton-on-Ouse, no norte, foi finalmente colocado de lado, após uma oposição massiva dos moradores.