Publicada em 21/08/2023 às 08h40
A cidade do Rio de Janeiro vai sediar, mais uma vez, a Gymnasiade, Olimpíada do Desporto Escolar, que vai reunir, a partir deste domingo (20), mais de 2 mil estudantes atletas da categoria sub-15 de 46 países de todos os continentes. Segundo o presidente da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE) e vice-presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), Antônio Hora Filho, se forem computadas também todas as equipes de trabalho, as pessoas que acompanham os atletas e familiares, o evento envolve mais de 4 mil pessoas.
“Nós somos esporte, mas não só esporte. Somos esporte educacional. Nós utilizamos do esporte como uma ferramenta de formação da cidadania e de educação. Muitas vezes na nossa competição quem ganha não é o mais importante. As experiências acumuladas ao longo da competição fazem com que sejam mais importantes”, disse em coletiva nesta sexta-feira (18), no Centro Olímpico de Tênis, no Parque Olímpico da Barra da Tijuca.
A maior delegação é a do Brasil, com 404 membros, sendo 323 estudantes atletas -161 mulheres e 162 homens -, o que para Antônio Hora Filho resulta das ações pró equidade desenvolvidas pela entidade. “Significa dizer que a política de equidade da CBDE vem fazendo efeitos benéficos para a nossa sociedade, incluindo a mulher definitivamente no esporte”.
Hora Filho lembrou que essa é também a maior delegação que o Brasil já apresentou em edições da Gymnasiade. A expectativa do dirigente é garantir um bom resultado. “Nas últimas Gymnasiades sub-18, o Brasil, desde 2013, sempre figura entre os três países com maior número de medalhas no cômputo geral. A nossa expectativa é estar no topo do quadro geral de medalhas e assim esperamos porque estamos competindo em solo brasileiro, com todo o clima e a torcida. Os atletas não terão problemas de adaptação ao clima e pressão psicológica. A nossa delegação está bastante numerosa. Nós acreditamos que o Brasil pode voltar ao topo do quadro geral de medalhas. Essa é uma boa perspectiva para que as próximas gerações olímpicas sejam um reflexo dessas competições escolares”, disse o presidente da CBDE.
Depois do Brasil, a China é a delegação com maior número de integrantes com mais de 200 componentes. O Chile é a terceira, com 164 membros, e os Estados Unidos com 122 inscritos.
Na primeira edição do evento no Brasil, em 2013, a sede foi Brasília. Naquela edição os estudantes atletas eram da categoria sub-18.
“Não podemos esquecer que é do esporte educacional que surgirão os talentos, e nós temos exemplos recentes. A nossa medalhista da ginástica Rebeca [Andrade], que ganhou medalha de ouro nas Olimpíadas, a primeira medalha internacional que ela ganhou foi em 2013 quando realizamos Gymnasiade sub-18 em Brasília, e ela se inciando na sua vida esportiva ganhou a sua primeira medalha internacional na mesma prova que seis anos depois se transformou em campeã olímpica. No desporto escolar, formar atletas é importante, mas formar cidadãos é muito mais importante”, disse Hora Filho.
Para o presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF), o francês Laurent Petrynka, a participação dos estudantes atletas é mais do que representar a própria modalidade esportiva. “Quando você compete nos eventos da ISF, não está apenas representando o seu esporte, está representando a sua família, a sua cultura, o seu potencial”, disse, acrescentando que uma das razões da ISF em organizar essas competições é desenvolver nos estudantes os verdadeiros valores olímpicos.
A maior competição mundial do desporto escolar é organizada pela ISF em parceria com a CBDE, com apoio do Sesc Rio; da Federação de Esportes Estudantis do Rio de Janeiro (FEERJ); do governo do estado do Rio de Janeiro, por meio da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer; e do governo federal, por meio do Ministério do Esporte.
A ministra do Esporte, Ana Moser, deve participar da cerimônia de abertura no domingo. O mascote dessa vez será um pássaro carioca, chamado Rio, que teve o nome escolhido em uma consulta entre os participantes.
A ISF U15 Gymnasiade 2023 terá 18 modalidades: tiro com arco, atletismo, badminton, basquete 3x3, boxe, caratê, dança esportiva, esgrima, ginástica artística, ginástica rítmica, judô, orientação, natação paralímpica, natação, tênis de mesa, taekwondo, wrestling e xadrez.
As competições serão realizadas na quinta-feira (24) e na sexta-feira (25), com encerramento do evento no sábado (26). O retorno das delegações para os seus países está previsto para os dias 27 e 28.
As provas serão disputadas nas arenas cariocas 1 e 2, no Centro Olímpico de Tênis e Vila Olímpica, instalados no Parque Olímpico da Barra da Tijuca; na Arena da Juventude, no Complexo Esportivo de Deodoro; e no Complexo Esportivo da Universidade da Força Aérea (Unifa), em Sulacap. Todos esses equipamentos estão na zona oeste da cidade.
O secretário de estado de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, Rafael Picciani, incentiva a presença do público lembrando que os ingressos para assistir as competições são grátis. “A grande oportunidade de convidar a população para vir vibrar e assistir esses atletas competindo. Muitos deles, quando competem fora do Rio, não têm oportunidade de levar um parente para assisti-los, pelo custo, dificuldade logística e pelo calendário. Essa vai ser uma grande oportunidade de nós vermos esses atletas competindo e de trazer para perto a comunidade esportiva que o Rio de Janeiro possui, e mais uma vez ocupar essas arenas olímpicas, daquilo de mais marcantes que nós temos que é a alegria e a receptividade do povo brasileiro”, disse.
Atividades culturais
Hora Filho informou que na quarta-feira (23) as competições serão interrompidas para os atletas participarem do Dia Cultural e Noite das Nações, quando conhecerão a cidade do Rio de Janeiro, em especial os pontos turísticos e cartões postais como Corcovado, Pão de Açúcar e a Praia de Copacabana. Na noite, a intenção é que as delegações exponham os objetos típicos das culturas de seus países para trocas e intercâmbio entre os participantes. “Cada país tem que trazer uma apresentação cultural, uma comida típica para fazermos uma grande interação cultural”, disse Hora Filho.
O evento terá também a Fun Fest com programações diárias de entretenimento. “Todos os serviços estão montados para causar a melhor experiência possível para os participantes”, disse o presidente da CBDE.
Paralelo às competições, na direção do desenvolvimento escolar, haverá palestras e cursos em diversos setores. Na área de retorno social, a Gymnasiade oferecerá cursos para professores da rede pública de ensino das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro, com atividades online e presenciais.
Fernando Soares, de 15 anos de idade, atleta do basquete 3x3 da delegação brasileira, agradeceu por poder participar da competição e aos pais por tê-lo sempre apoiado no esporte. “Acho que é merecido a gente estar aqui. Obrigado pela organização de vocês todos. Vai ser um evento incrível e muito maneiro para o Brasil”, disse, acrescentando que está muito ansioso.
“Estou muito feliz por esta oportunidade de chegar ao meu primeiro mundial. Vou dar o meu melhor. Quero agradecer a todos da CBDE por esta oportunidade”, disse Yasmim Nascimento, da equipe de badminton. A atleta, moradora da comunidade da Chacrinha, da Praça Seca, zona oeste do Rio de Janeiro, disse que está mais ansiosa com a Gymnasiade do que da semana de provas na escola.