Publicada em 25/08/2023 às 09h38
A Rússia repudiou as especulações ocidentais de um possível envolvimento do governo de Vladimir Putin na morte do chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, após queda de avião, na quarta-feira (23/8).
“Tudo isso é mentira absoluta”, afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à imprensa nesta sexta-feira (25/8).
“Há, agora, muita especulação em torno deste acidente de avião e das trágicas mortes dos passageiros, incluindo Yevgeny Prigozhin. É claro que, no Ocidente, toda esta especulação é apresentada de um ângulo bem conhecido”, afirmou Peskov à imprensa nesta manhã.
“Tudo isso é mentira absoluta e aqui, ao abordar esse assunto, é preciso se basear em fatos. Ainda não há muitos fatos. Eles precisam ser apurados no decorrer das ações investigativas”, completou.
O representante do governo russo também se recusou a confirmar a morte de Prigozhin, que tem sido especulada devido à presença e embarque dele na aeronave ter sido confirmada, apesar de ser improvável que ele tenha sobrevivido. Peskov ressaltou a necessidade de aguardar os testes nos 10 corpos encontrados no local da queda.
O porta-voz também não confirmou a presença de Putin nos funerais.
Guerra na Ucrânia
Após declaração do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, insinuar o envolvimento da Rússia no acidente aéreo, Putin se manifestou, na quinta-feira (24/8).
Durante um pronunciamento na televisão, o presidente russo prestou condolências à família de Prigozhin. Ele também disse que os investigadores tentam esclarecer o caso, mas que a perícia demorará um certo tempo.
Putin não mencionou o rompimento com o Grupo Wagner, e chegou a dizer que Prigozhin, que conhecia desde os anos 1990, era um “empresário talentoso”. A família de Prigozhin não se manifestou ainda sobre o assunto.
A relação de Putin e Prigozhin
O Grupo Wagner lutava na Ucrânia ao lado da Rússia. Antigo aliado do presidente russo, Prigozhin se revoltou contra Putin e liderou uma rebelião há dois meses, como forma de protesto pela falta de envio de equipamentos e armas às tropas. Prigozhin era apontado como líder do grupo de mercenários.
Com fama de sanguinário, Prigozhin liderou o grupo para, inicialmente, atacar o país vizinho sob ordens russas e, mais tarde, ameaçar o presidente russo em uma tentativa de golpe.
Formado em 2014, o Grupo Wagner é uma companhia privada de mercenários que atua em guerras pelo mundo. Desde o ano de fundação, o Wagner está presente na península ucraniana da Crimeia e chegou a ajudar forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região.
Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, o governo russo contou com a ajuda do grupo para avançar nas batalhas contra o exército de Zelensky, como nos embates das cidades de Bakhmut e Soledar.