Publicada em 09/08/2023 às 10h25
Porto Velho, RO – Apesar de não ser reconhecido exatamente pela produção, o deputado federal Coronel Chrisóstomo, do PL de Rondônia, é especialista em fazer barulho, isto tanto figurativamente quanto no campo literal.
O berreiro característico em pronunciamentos polêmicos no Plenário da Câmara Federal, em Brasília, trouxe à tona discussões na seara moral, e, além disso, até representação movida por um cidadão alegando quebra de decoro parlamentar por parte do congressista.
Chrisóstomo ainda não lidou com as consequências do seu comportamento infantil e potencialmente ilícito. Ainda.
O militar já acusou o presidente Lula, do PT, de andar “mijado”; desejou que Flávio Dino, ministro Justiça, levasse “cacete” e “porrada”, além de caçoar da aparência física do membro do estafe lulista, denominando-o, no púlpito, como “sobrepeso”.
Agora, para fomentar ainda mais essa senha contra a esquerda, que, de certa maneira, retroalimenta seu mandato – inclusive o conduzindo a mais quatro anos no ofício –, se une a Kim Kataguiri, do União Brasil de São Paulo, um dos líderes do Movimento Brasil Livre (MBL) nacional.
Essa junção na batalha por um “inimigo” em comum fez Chrisóstomo ignorar o fato de que Kataguiri avançou contra seu principal aliado: Jair Bolsonaro, também do PL, à época em que ele ainda era presidente da República.
Em dezembro de 2020, o desafeto de Bolsonaro, que também não é chegado a Lula, desafiou:
“Atenção ministro da Justiça: eu desafio Vossa Excelência, eu estou cometendo agora um crime contra a honra do presidente da República, para que fique registrado nos anais da Casa. Vagabundo, corrupto e quadrilheiro. Se tiver coragem, me processa”, declarou o membro da Câmara Federal no Plenário à ocasião.
Nutrir esse papel autoconcedido de “general” antiesquerdista fez com que o membro da bancada federal de Rondônia esquecesse o passado o surgisse em vídeo com Kim, onde ambos se esforçam para criminalizar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nas sessões da CPI instaurada para investigá-lo.
Na página do Rondônia Dinâmica no Facebook há comentários na matéria relatando a parceria, ainda que temporária. Em um dos comentários, determinada usuária crê que ele age corretamente em promover a aliança.
“Eu votei nele e digo: ele está correto hoje defendem os mesmos interesses. É isso que a direita precisa aprender. E parar com esta imaturidade”, anotou.
Outros comentários alegam tratar-se de notícia falsa, a despeito de a matéria ser reforçada com o vídeo publicado pelo próprio deputado Coronel Chrisóstomo em seu Instagram. É a sinergia da “bolha”, que, por sua vez, corrobora com outra ação contumaz engendrada por parte da direita brasileira: tentar descredibilizar a imprensa.
Mesmo com todo esse cenário problemático, o parlamentar rondoniense acerta na estratégia, vez que, com a manutenção dessa autoconstruída imagem de arauto das investidas contra os “comunistas”, pavimenta cada vez mais um caminho perpétuo na política afagando seu público fazendo e dizendo tudo que querem ver e ouvir.