Publicada em 12/09/2023 às 10h26
Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8/1, nesta terça-feira (12/9), a cabo Marcela da Silva Morais Pinno, da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), detalhou a violência dos manifestantes nos atos golpistas às sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Marcela atuou no Batalhão de Choque no dia das invasões e foi arremessada pelos bolsonaristas da cúpula do Congresso Nacional, de uma altura estimada em 3 metros. Questionada pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI, Marcela afirmou que a violência dos manifestantes chamou a atenção.
“Eles se valeram de materiais que estam à disposição deles. Usavam as estacas das bandeiras para nos atacar, os gradis que foram arrancados lançavam contra a tropa de choque. A pedra portuguesa da Praça dos Três Poderes. Além dos coqueteis molotov”, detalhou a militar.
Eliziane também questionou se os manifestantes apresentavam “treinamento militar”. Marcela disse que a atuação dos golpistas não pode ser caracterizada como militar, mas ressaltou a organização do grupo.
“Era perceptível que estavam organizados. Havia em torno de quatro ou cinco manifestantes que estavam à frente da manifestação. Eles possuíam luvas para ter acesso ao nosso material. São lançadas granadas a altas temperaturas. Se for pega em mão livre, vão ter queimaduras seríssimas. Estavam de máscaras, se utilizavam de toalhas e lenços para cobrir o rosto”, disse.
Na linha de frente
A cabo Marcela faz parte da Segurança Pública do DF há quatro anos. Para ela, o 8/1 jamais será esquecido. “Estávamos na linha de frente. Foram atos extremamente violentos, e nunca atuei em nada daquela proporção. Nossa promoção é um reconhecimento a todos do batalhão, que atuaram mesmo feridos e, em momento algum, pensaram em desistir”, afirmou, na ocasião em que foi promovida por ato de bravura, em maio deste ano.
Marcela e o subtenente foram jogados de uma das cúpulas do Congresso Nacional, de uma altura de 3 metros, e espancados pelos vândalos, que bateram em ambos e tentaram roubar os equipamentos de defesa dos militares.
“Parecia uma eternidade”, recordou-se Marcela. “Fui atacada duas vezes, espancada, batiam em mim com uma barra de ferro. Meu capacete ficou amassado. O que me manteve ali e me fez resistir, apesar de toda a agressividade, foi saber que posso contar com meus colegas de trabalho. Foi o subtenente quem me salvou e me tirou daquela selvageria”.