Publicada em 14/09/2023 às 09h54
A pouco mais de um mês das eleições presidenciais, a Argentina continua sofrendo com índices recordes de inflação. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor ficou em 12,4%, na comparação com o mês anterior, o patamar mais alto em 32 anos, desde fevereiro de 1991.
Na base de comparação anual, a inflação na Argentina disparou a 124,4%. Os dados foram divulgados na quarta-feira (13/9) pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec).
Apesar de o país estar convivendo há anos com uma inflação altíssima, essa foi a primeira vez em mais de duas décadas que a taxa mensal ficou em dois dígitos. Segundo economistas, o fenômeno deve se repetir em setembro.
A inflação argentina em agosto foi alavancada pelos alimentos, cujos preços avançaram 15,6% em relação a julho. Alguns cortes de carne bovina tiveram alta de 40%.
Pacote do governo
No fim de agosto, o governo da Argentina anunciou um pacote de medidas para incentivar o consumo, diminuir os efeitos da desvalorização do peso e combater a inflação.
“O objetivo principal é que cada um dos setores da economia tenham, de alguma forma, o apoio do Estado”, afirmou o ministro da Economia, Sergio Massa, candidato do governo à Presidência da Argentina.
Entre as medidas anunciadas pelo governo, estão abonos fiscais, pagamento de bônus extraordinários a trabalhadores e aposentados e a criação de um fundo de US$ 770 milhões para o financiamento de exportações.
O governo peronista de Alberto Fernández também decidiu eliminar alguns impostos sobre a exportação de produtos agrícolas com valor industrial agregado – como arroz, vinho e tabaco.
Na ocasião, Sergio Massa anunciou, ainda, novas linhas de crédito com taxas subsidiadas para trabalhadores e bônus para aqueles que recebem ajuda alimentar, além de aposentados.
Novo aporte do FMI
No mês passado, a diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovou uma nova revisão do acordo com a Argentina, garantindo a liberação imediata de US$ 7,5 bilhões (o equivalente a R$ 36,7 bilhões).
O país da América do Sul, que enfrenta uma grave crise econômica, havia firmado com o FMI um programa de crédito que prevê o repasse de US$ 44 bilhões em 30 meses. Em troca, o Banco Central argentino aumentaria suas reservas internacionais e o governo se comprometeria a diminuir o déficit fiscal.
De acordo com o FMI, o total de desembolsos referentes a esse acordo inicial com a Argentina já chega a US$ 36 bilhões. Desde a retomada da democracia na no país, em 1983, já houve 13 acordos com o fundo.
Crise e eleição
Com uma inflação estrondosa, a Argentina enfrenta escassez de reservas monetárias internacionais, ao mesmo tempo em que há uma forte demanda por dólares.
O país, que está em pleno processo eleitoral para a sucessão do presidente Alberto Fernández, terá o primeiro turno das eleições no dia 2 de outubro. Caso nenhum dos candidatos alcance 45% dos votos válidos, haverá um segundo turno, marcado para 19 de novembro.