Publicada em 30/09/2023 às 10h32
Porto Velho, RO – Fora de Rondônia Marcos Rogério, do PL, ainda é “o cara”. Reconhecido nacionalmente em decorrência de sua performance contundente durante a CPI da COVID-19, em Brasília, o congressista de Ji-Paraná parece adaptar-se ao sabor da fama efêmera.
Que ele gostou, não há dúvidas. Aparições diárias em emissoras de todos os rincões brasileiros; protagonismo político; seu rosto estampado tanto em impressos quanto em veiculações online; enfim, acostumou-se a ser o “dono da bola”.
Depois do longo hiato de seis meses fora da função, abrindo espaço para o suplente Samuel Araújo, do PSD, o membro da Câmara Alta alça novos voos em termos de vaidade ao assumir a vacância deixada por Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo, exercendo a titularidade na CPI dos Atos Antidemocráticos. Ou, melhor dizendo, dos atentados à democracia deflagrados no dia 08 de janeiro de 2023 quando uma ruma de gente depredou as sedes do Supremo; Palácio do Planalto e do próprio Congresso Nacional.
Agora, mais recentemente, regressou para debaixo dos holofotes por ser o “herói” da direita e do Marco Temporal na condição de relator do projeto que agora segue para sanção do presidente Lula, do PT.
Resumidamente, cumpre bem a função à qual optou por praticar desde que se tornara senador da República: aparecer, buscar o destaque.
Lado outro, enquanto Rogério “briga” pela visibilidade genérica, outros representantes rondonienses em Brasília, seus correligionários, travam batalhas pouco mais silenciosas – à exceção de Coronel Chrisóstomo, que só sabe gritar –, como Jaime Bagattoli, também possuidor de assento no Senado, e Sílvia Cristina, deputada federal.
Além do mais, de modo paralelo, a logística empreendida por eles parece mais interessante até mesmo sob um ponto de vista eletivo. Marcos Rogério vem se distanciando da figura de Bolsonaro cada vez mais. Especialmente depois que ambos foram sumariamente derrotados nas eleições de 2022. Levado à lona tanto no primeiro quanto no segundo turno, o senador, que queria muito ser governador de Rondônia, sentiu, pela primeira vez, o gosto do fel.
Tecnicamente seria a situação perfeita para compreender que, a despeito de cheio de si, e da sensação equivocada de ser “o cara”, alimentada, claro, por esse fanatismo de “bolha” Brasil afora, regionalmente o seu ego foi abalroado sobremaneira, colocando-o em seu devido lugar na história local.
Na mão contrária, Bagattoli, que chegou “agora” ao Poder; Sílvia Cristina, que mudou de lado; e até mesmo Chrisóstomo, com todas as suas particularidades excêntricas, se mantêm fiéis às deliberações da sociedade, firmando, cada vez mais, lealdade à figura de Jair Bolsonaro, ainda que perdedor, como Rogério, – e também em dois turnos –, no pleito passado.
Bolsonaro e Marcos Rogério não aparecem mais juntos como antes, na época em que o primeiro era o todo-poderoso. Já Bagattoli, por exemplo, foi visitado no hospital pelo ex-morador do Alvorada. Sílvia Cristina, por sua vez, foi chamada de “segunda paixão” por Jair, enquanto se abraçavam e trocavam elogios.
Cada vez mais distante daquilo que o elevou na política, Rogério preserva a mentalidade de que ele, sozinho, é autossuficiente para continuar galgando postos de autoridade. Encostar a cabeça no chão com a “surra” promovida pelo xará via resultado das urnas não foi suficiente para acordá-lo e trazê-lo de volta à realidade.
Até certo ponto é possível empurrar com a barriga o histórico de trocas ideológicas, como o fato de já ter pertencido à esquerda (foi membro do PDT); passado pelo Centrão, à ocasião do DEM; e agora, mais recentemente, integrante as fileiras mais ao campo destro, no PL.
Hora ou outra a ascensão, por esses métodos, acaba.
A história ensina.