Publicada em 02/09/2023 às 10h10
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, parceiro de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro, seu correligionário, parece não ter aprendido nada com os próprios passos trôpegos.
No mandato passado, esquecendo o estado, dedicou-se ao governo federal quase integralmente na condição de posição, defendendo os atos de gestão de Bolsonaro, à época mandatário do Planalto, no decorrer da pior etapa do Coronavírus (COVID-19/SARS-CoV-2) no Brasil.
Imaginou, lá pelas tantas, que correndo pelas fileiras da extrema-direita seria agraciado com nova assunção ao Poder, desta feita na condição de governador do Estado de Rondônia.
E ele não só perdeu o pleito como foi “massacrado” eleitoralmente em dois turnos pelo ainda administrador do Palácio Rio Madeira, Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
Sem aprender com os próprios passos trôpegos, Rogério prossegue com a mesma logística, dialogando com a própria “bolha” construída por seu curral eleitoral crendo, piamente, que prosperará para sempre em cargos de ordem pública.
Levado à lona via urnas justamente por não ter a compreensão exata de seu tamanho político, algo menos que um terço do daquilo que enxerga no espelho quando se posta à frente dele, o congressista optou por resvalar de novo no senso comum.
Em vez de seguir um mandato produtivo, deliberou por defender bolsonaristas na invasão dos ataques aos Três Poderes, deflagrada no dia 08 de Janeiro de 2023.
Um dos maiores ataques já deflagrados contra a democracia brasileira. A ideia é jogar no colo do PT a responsabilidade pela negligência ao propiciar as investidas.
Assim como fez à ocasião dos ataques terroristas em Brasília, em 2022, quando sugeriu que os crimes eram cometidos por gente “infiltrada” da esquerda. Jamais provou qualquer uma de suas declarações a esse respeito.
Apesar de haver muitos bolsonaristas em solo rondoniense, a população, de modo geral, ainda que seja de direita, não parece querer caminhar em direção ao extremismo. Não parece agradar à maioria ataques à República. Fosse assim, Rogério seria governador agora, vez que seu comportamento sempre o direcionou no polo mais longínquo do espectro destro do tabuleiro.
Agora, naqueles tempos de pandemia, Rogério tinha não só os holofotes dos veículos direitistas como Jovem Pan, Revista Oeste, O Antagonita ou outros da mesma espécie. Era levado a sério até por veiculações neutras, como Isto É, Veja, Estadão, UOL e demais organismos nacionais de imprensa.
Hoje, exclusivamente personagem de nicho, fala apenas para os que gostam daquilo que diz. E se já foi derrotado no passado com toda aquela mídia em cima e pompa de herói do Planalto, imagine hoje que já não canta de galo em terreiro alheio.
Dos senadores ideológicos, é o que mais pisa na bola. Apesar dos pesares, até Jaime Bagattoli, seu colega de legenda, tem bandeiras mais importantes, palpáveis e reais, como a defesa do agronegócio local. Seu bolsonarismo, apesar de pululante, é pano de fundo. Como quando, por exemplo, faz propaganda da própria má-sorte em termos de saúde posando ao lado do ex-presidente, que o visitou no hospital.
Rogério, por sua vez, quer ser herói. Quer ser libertador. Quer ser reconhecido como o agente público que lutou para soltar “pessoas inocentes” quando a capital federal foi destruída em nome de um político específico.
Rogério, que nunca foi ideológico, já transitou da esquerda, passando pelo centrão e pousando na direita, quer porque quer o ofício de representante-mor do conservadorismo.
E não terá. Nomes como o próprio deputado estadual Rodrigo Camargo, do Republicanos, cumprem com naturalidade este papel porque foram forjados dentro dele, sem forçar a barra, sem a necessidade de se envergar para agradar determinado público.
A realidade é que a inconstância de Marcos Rogério não cola mais, mas é esse o jogo que ele quer jogar. E anote: dará, de novo, com os “burros n’água”. E por quê? Porque Bolsonaro e bolsonarismo já foram, mas o Estado de Rondônia está aqui e ainda precisa dele. Porém, por ora, o membro do Senado não parece ter a intenção de se mexer por ele nem pela sua população.