Publicada em 14/09/2023 às 14h57
Nogales revelou que as equipes da ONG estavam retornando à Espanha “com a certeza de que não vão encontrar pessoas vivas” entre a destruição deixada pelo terremoto, que causou 2.946 mortes e 5.674 feridos, de acordo com o balanço mais recente do governo marroquino.
“Nosso trabalho está concluído”, enfatizou, acrescentando que “a partir de agora começam outros tipos de riscos, como epidemias devido à decomposição [de cadáveres]” e, além disso, as famílias “querem enterrar seus parentes e por isso querem começar a usar maquinário pesado [nos escombros] para agilizar tudo”.
Dezenas de bombeiros de ONGs espanholas, com experiência em cenários de catástrofe em todo o mundo, viajaram para Marrocos após o terremoto da última sexta-feira e, como a BUSF, outras estão deixando o país, após dias sem encontrar sobreviventes.
“São trabalhos bastante difíceis porque os prédios são muito instáveis e têm uma base de adobe e materiais muito leves. Por cima, às vezes, levam concreto armado, então até os que parecem mais estáveis acabam caindo, já que o adobe não tem muita estabilidade estrutural”, escreveu na rede social X (antigo Twitter) Annika Coll, da Emergência e Resposta Imediata da Comunidade de Madrid (ERICAM).
“Há um grau muito alto de devastação”, corroborou Jair Pereira, da ONG Bombeiros para o Mundo, que explicou à EFE que o tipo de construção praticamente impossibilita a sobrevivência de pessoas sob escombros de prédios em adobe, que se desfaz rapidamente e não deixa bolsas de ar ao cair.
Jair Pereira, que falou hoje com a EFE, já retornou à Espanha, enfatizou que nos escombros do terremoto marroquino “não há espaços para respirar, não há espaços para a sobrevivência e as pessoas ficaram ali, como se estivessem enterradas vivas”.
“É muito duro”, acrescentou.
Vários dias após o terremoto, a emergência mudou e a prioridade agora não é mais a busca e resgate de pessoas soterradas, mas a ajuda humanitária aos sobreviventes.
“Nós nos retiramos para dar passagem a essas novas pessoas que prestam essa ajuda tão importante”, disse Jair Pereira.
Este bombeiro, como outros citados pelos meios de comunicação espanhóis, destacou a boa recepção por parte das populações locais e afirmou que a coordenação das equipes de resgate no local é boa.
Francis Martínez e outros quatro bombeiros de Granada, no sul da Espanha, foram para Marrocos na segunda-feira por iniciativa própria, sem integrarem uma organização, levando material da associação de bombeiros da cidade onde vivem.
Eles se dirigiram a um posto de comando e partiram para o campo e o que viram foi que três dias após o terremoto as aldeias “já tinham se arrumado”.
“Eles próprios tinham retirado seus mortos, já tinham enterrado seus parentes e tinham resgatado pessoas presas com vida”, afirmou ele. Ele disse que o grupo colaborou principalmente em tarefas de transporte de feridos até locais onde podiam ser levados por helicópteros para o hospital.
Outro bombeiro de uma ONG espanhola, Antonio Caballero,