Publicada em 02/09/2023 às 11h30
Rondônia é um dos Estados do Brasil considerado, politicamente, de direita. E não é somente uma hipótese, pois nas eleições gerais de 2022, o governador Marcos Rocha, do União Brasil foi reeleito, após chegar ao segundo turno com o senador Marcos Rogério (PL), extrema direita. A Assembleia Legislativa (Ale) foi renovada em quase 70%. De esquerda mesmo, somente Cláudia de Jesus, do PT.
O PSB que pose ser considerado um partido de esquerda, tinha somente um deputado, Ismael Crispin, hoje sem partido, mas com um pé no MDB, que a exemplo do PSDB, está em baixa no País. Juntos, PSDB e MDB já foram com o PT, os partidos de esquerda mais importantes do País. A representatividade do MDB na Ale-RO também é mínima, com dois deputados, Jean Oliveira, que preside o partido em Porto Velho e se reelegeu, e Luís Schincaglia, o Dr. Luís do Hospital, de Jaru.
Nas eleições gerais de 2022 o presidente Lula da Silva (PT), perdeu nos dois turnos em Rondônia por diferenças significativas. No primeiro turno Jair Bolsonaro (PL) somou 581.306 (mais de 64% dos votos válidos), contra 261.749 (pouco mais de 28%) de Lula.
No segundo turno a vantagem aumentou de 70,66% dos votos válidos de Bolsonaro contra 29,24% de Lula.
Na disputa pelo governo de Rondônia, em 2022, dois candidatos da situação, ou seja, pró-Bolsonaro chegaram ao segundo turno, Marcos Rocha (UB), que concorreu à reeleição e o senador Marcos Rogério (PL). No segundo turno Rocha somou 458.370 votos contra 415.306 de Marcos Rogério. Uma disputa bem acirrada, mas Rocha se reelegeu para mais um mandato.
No próximo ano teremos eleições municipais, para escolha de prefeitos e vereadores. Logicamente que as lideranças políticas querem montar uma base para 2026, quando serão eleitos presidente da República, governadores, duas três vagas de cada Estado e do Distrito Federal ao Senado, além da Câmara Federal e Assembleias Legislativas. Eleger em 2024 o maior número de prefeitos e vereadores será uma base fundamental para 2026.
Como o eleitorado de Rondônia se comportará? Se manterá fiel a Bolsonaro ou Lula já terá influência suficiente para desbancar a preferência do ex-presidente?
Hoje o maior colégio eleitoral do Estado, a capital, Porto Velho, com mais e 300 mil eleitores não tem nenhuma liderança com força suficiente para garantir com antecedência a eleição de um candidato de esquerda. O nome de esquerda de maior expressão é da ex-senadora Fátima Cleide, do PT. O problema é saber se ela e o partido tem força suficiente para superar o atual prefeito, reeleito em 2020 pelo PSDB, Hildon Chaves, que deixou o partido, mas não se tem certeza se ele está filiado ao União Brasil, comandado pelo governador Marcos Rocha, como se propaga.
O atual presidente dos tucanos o advogado Fabrício Jurado é o “”braço direito” do prefeito Hildon na administração municipal. Hildon é sem dúvida a maior liderança política da capital e com enormes possibilidades de concorrer à sucessão municipal. Hildon também tem a presidente dos Progressistas no Estado, ex (vereadora de Porto Velho e ex-deputada federal) Mariana Carvalho. Mas Jurado deve ser considerado, assim como o presidente da Ale-RO, Marcelo Cruz (Patriota), o deputado federal Fernando Máximo (UB), que já foi secretário de Estado da Saúde.
Nas principais cidades do interior a direita também é forte politicamente. Em Ji-Paraná, segundo maior colégio eleitoral do Estado, o prefeito afastado pela Justiça desde julho, Isaú Fonseca (UB), caso retorne ao cargo poderá concorrer à reeleição. O ex-prefeito Jesualdo Pires (PSB) está no topo da lista de prefeituráveis. A deputada estadual Cláudia de Jesus (PT), que já foi vereadora também é nome expressivo. Uma parceria de Jesualdo prefeito com Cláudia e o PT apoiando, além do PDT, do ex-senador Acir Gurgacz seria um grupo muito difícil de ser batido.
Em Cacoal, apesar das pressões contra o prefeito Adailton Fúria (PSD), além de uma confusão generalizada na câmara de vereadores, onde foi necessária, inclusive, a participação da Justiça para resolver um impasse sobre as eleições à presidência do legislativo municipal, não deverá ter dificuldades para conseguir um novo mandato. Além de Fúria não se comenta sobre um nome com força suficiente para fazer frente ao atual prefeito.
Eleito para um mandato temporário, pois assumiu em janeiro desse ano, o prefeito de Vilhena Flori Cordeiro (Podemos) começou em ritmo de Fórmula 1 sua administração, porém a administração pública é muito complexa e exige, acima de tudo, jogo de cintura, parcerias, compromissos. Não deveria ser assim, mas é. Tem 14 meses pela frente para se ajustar administrativamente. Ele que é delegado da Polícia Federal e foi eleito com enorme expectativa de sucesso administrativo, pois Vilhena teve inúmeros problemas com os administradores públicos dos três mandatos anteriores.
Outro município onde a direita tem muita força é Ariquemes. A prefeita Carla Redano (Patriota) não é tudo que o povo que a elegeu esperava, administrativamente, mas vem dando conta do recado com uma administração eficiente. Teve problemas com vereadores, mas caminha com firmeza em busca de um novo mandato.
Em Jaru o grupo do prefeito Júnior Gonçalves (MDB) deverá manter a hegemonia política, com a indicação do atual vice-prefeito Jeverson Lima (MDB) como candidato à sucessão municipal. O grupo também é integrado pelo deputado estadual Dr. Luís do Hospital, que seria o candidato a prefeito, mas ele pretende se manter na Ale-RO, pois é o único representante da região no legislativo estadual.
O prefeito de Rolim de Moura, Aldo Júlio caminha com serenidade em busca de um novo mandato. As manifestações políticas visando as eleições de outubro do próximo ano estão em ritmo lento facilitando a sua intenção de conseguir mais 4 anos de mandato.
Apesar de ter sofrido um acidente recentemente, ao cair de um telhado na vistoria das obras de um hospital do município, o prefeito Alex Testoni, que está no terceiro mandato, caso opte por concorrer em 2024 dificilmente terá dificuldades. Hoje o nome que poderia bater de frente com Testoni seria da presidente da câmara de vereadores, Rosária Helena (UB), mas como são parceiros a possibilidade estaria descartada. Também não é difícil Testoni não concorrer e apoiar Rosária.