Publicada em 29/09/2023 às 14h14
Andrei Troshev é coronel da reserva e aliado próximo de Yevgeny Prigozhin, ex-líder do grupo Wagner morto na queda do seu avião no final de agosto. A organização paramilitar apoia o exército russo desde os primeiros meses da guerra na Ucrânia. No entanto, desde que Prigozhin passou a fazer duras críticas ao Kremlin e liderou uma rebelião armada, o líder e vários de seus colaboradores se tornaram alvo de Moscou. A Rússia chegou a ser acusada de ter provocado a queda do avião do chefe do grupo Wagner.
"Durante a última reunião, conversamos sobre o fato de que [Troshev] estará envolvido na formação de unidades capazes de executar diversas missões de combate, principalmente, é claro, na zona da 'operação militar especial' na Ucrânia", disse Putin, segundo o comunicado do Kremlin. Para o presidente russo, Troshev, apelidado de "Sedoi" (grisalho) tem experiência para coordenar esse tipo de missão e "mantém boas relações com seus companheiros".
Imagens divulgadas pela TV russa nesta sexta-feira mostram Troshev escutando Putin. Nenhuma afirmação do coronel foi divulgada após o anúncio.
Frequentemente descrito como um dos fundadores do Wagner, Troshev é visado por sanções europeias por estar "diretamente implicado em operações militares do grupo na Síria", afirma um documento da União Europeia do final de 2021.
Integração de membros do Wagner
O pedido de Putin, realizado na presença do vice-ministro da Defesa, Younouss-Bek Evkourov, é mais uma prova da integração dos veteranos do Wagner ao exército russo. Após a divulgação do pedido, o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov, também indicou que Trochev "já trabalha no Ministério da Defesa".
Para especialistas, a convocação do coronel da reserva demonstra também a vontade da Rússia de mostrar que Moscou é quem mantém as rédeas da organização mercenária após a rebelião em junho.
O motim abortado foi visto como o mais grave desafio interno de Putin e da Rússia em várias décadas. Prigozhin garantiu que a rebelião não visava derrubar o chefe de Estado, mas sim acertar contas com o ministro da Defesa, Sergei Shoigu e o chefe do Estado-Maior General, Valery Gerasimov, dois homens cujas habilidades ele contestava.
Na época, o Kremlin deixou três opções aos combatentes do Wagner: integrar as Forças Armadas russas, retomar à vida civil ou se exilar em Belarus. No entanto, a morte de Prigozhin, dois meses depois, terminou com a forma de atuação do grupo conhecida até então. Após o suposto acidente aéreo, Putin ordenou que os combatentes do Wagner prestassem juramento de lealdade ao Estado russo, uma prova de fidelidade que o ex-chefe da organização sempre se recusou a atender.