Publicada em 15/09/2023 às 10h29
A comunidade internacional deve agir com cautela, pois Cuba é muito dependente da assistência da ONU em termos de medicamentos, alimentos e leite em pó, e não é comum que um país tenha que sobreviver com base nisso", disse a especialista de origem bielorrussa durante uma conferência de imprensa.
Douhan argumentou que os avanços na saúde cubana são evidentes nos níveis de expectativa de vida na ilha, no desenvolvimento dos sistemas de prevenção e nas campanhas de vacinação, "mas é claro que nem tudo pode ser produzido por Cuba, começando pelos equipamentos e matérias-primas para medicamentos".
A relatora está participando esta semana de um debate no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, onde apresentou um relatório sobre o impacto das sanções unilaterais nos sistemas de saúde dos países sancionados, fazendo menção especial aos casos de Cuba e Nicarágua.
Em relação a Cuba, Douhan alertou para o risco de as sanções afetarem empresas farmacêuticas, de seguros e até organizações humanitárias, que "não devem ser alvos de qualquer tipo de punição (...) pelos seus esforços".
A relatora das Nações Unidas também pediu prudência na imposição de sanções contra instituições educacionais na Nicarágua, embora outros especialistas tenham recomendado esse tipo de medidas.
"Sou professora e conheço o terrível impacto das sanções unilaterais neste domínio, que acabam por afetar um país inteiro, incluindo estudantes nas escolas e nas universidades", argumentou a relatora de origem bielorrussa durante uma conferência de imprensa.
"Quando são impostas sanções às instituições de ensino, toda a cooperação com elas é paralisada, incluindo a possibilidade de continuidade de projetos de pesquisa, acesso a plataformas e bases de dados internacionais, até conferências online", defendeu Douhan.
"Afetar essa parte da cultura de um país é absolutamente inadmissível e imoral", acrescentou Douhan, que esclareceu que ainda não pôde viajar pessoalmente à Nicarágua para conhecer o impacto no país das sanções unilaterais de países como os Estados Unidos.
Na quarta-feira, o presidente do Grupo de Peritos em Direitos Humanos na Nicarágua, Jan-Michel Simon, recomendou o aumento das sanções da comunidade internacional às instituições nicaraguenses que violem o direito à educação das crianças dentro e fora do país.
Simon deu como exemplos de instituições que poderiam estar sujeitas a essas sanções os ministérios da Juventude e da Educação, bem como o Conselho Nacional de Universidades da Nicarágua.
No relatório mais recente deste grupo de trabalho, criado a pedido do Conselho de Direitos Humanos, critica-se o fato de essas instituições negarem a muitos estudantes nicaraguenses exilados diplomas comprovativos de seus estudos, o que os impede de continuar sua formação no exterior.