Publicada em 04/09/2023 às 09h45
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e 64 organizações humanitárias e da sociedade civil nacional fizeram um apelo hoje para a disponibilização de um bilhão de dólares (cerca de 925 milhões de euros) a fim de fornecer ajuda e proteção essenciais para as pessoas que devem chegar a cinco países vizinhos até o final de 2023. Isso representa um aumento de duas vezes em relação ao montante inicialmente estimado em maio para enfrentar a crise, uma vez que as deslocações e as necessidades continuam a aumentar.
Desde o início dos combates entre duas forças militares rivais que buscam o poder em meados de abril, mais de um milhão de refugiados, repatriados e nacionais de países terceiros já fugiram do Sudão.
"A crise desencadeou uma procura urgente por assistência humanitária, uma vez que as pessoas que chegam às zonas fronteiriças remotas se encontram em circunstâncias desesperadoras devido a serviços inadequados, infraestruturas deficientes e acesso limitado", afirmou o diretor do Gabinete Regional do ACNUR para o Leste e Corno de África e Grandes Lagos e Coordenador Regional para os Refugiados e a situação no Sudão, Mamadou Dian Balde.
"Os parceiros ativos nesta resposta estão fazendo todos os esforços para apoiar as pessoas que estão chegando e seus anfitriões, mas sem recursos suficientes dos doadores, esses esforços serão severamente reduzidos", alertou Balde, em um comunicado divulgado pelo ACNUR.
As necessidades críticas incluem água, alimentos, abrigo, serviços de saúde, assistência financeira, itens essenciais e serviços de proteção.
A situação de saúde dos recém-chegados é cada vez mais preocupante e exige atenção imediata. Vários países de acolhimento estão enfrentando altas taxas de desnutrição, surtos de doenças como cólera e sarampo, bem como mortes relacionadas.
"É profundamente angustiante receber notícias de crianças que morrem de doenças que são totalmente evitáveis, caso os parceiros tivessem recursos suficientes", afirmou Balde, acrescentando: "A ação não pode continuar sendo adiada".
Os países que estão recebendo as pessoas que fogem do Sudão - República Centro-Africana, Chade, Egito, Etiópia e Sudão do Sul - já abrigavam centenas de milhares de pessoas deslocadas antes dessa crise.
"Os países da região enfrentam grandes desafios e, no entanto, continuam a demonstrar uma generosidade notável, mas não podemos dar por certo sua hospitalidade", disse Balde.
Ele enfatizou: "A comunidade internacional deve mostrar solidariedade com os governos e as comunidades anfitriãs e resolver o problema do financiamento insuficiente das operações humanitárias. Isso é crucial para apoiar indivíduos e comunidades necessitadas, enquanto aguardamos a paz tão necessária".
O Plano Regional de Resposta de Emergência para os Refugiados do Sudão (RRP) para 2023 foi lançado em maio deste ano, revisado em junho e novamente em agosto, refletindo o aumento dramático e contínuo das deslocações externas do Sudão e a crise humanitária resultante. No entanto, apesar do aumento exponencial das necessidades, os recursos dos doadores não acompanharam esse ritmo, com apenas 19% das necessidades adicionais atualmente atendidas.