Publicada em 05/09/2023 às 09h16
O Estado de Rondônia gradualmente assiste à perda de suas figuras políticas mais influentes. Dentro de um contexto recente, nomes que outrora dominaram as eleições ao longo das últimas décadas, desde 1990, estão se ausentando das disputas, uma evolução natural considerando a crescente velocidade do cenário eleitoral.
Nomes como Leonel Brizola, Getúlio Vargas, Tancredo Neves, Jânio Quadros e Magalhães Pinto, antigas lideranças políticas nacionais, já não figuram no panorama atual. Após as eleições gerais de 2022, apenas o presidente Lula permanece ocupando um papel significativo, conquistando seu terceiro mandato como líder do país. Esse é o curso natural da esfera pública.
Em Rondônia, as principais lideranças estão gradualmente deixando o cenário político-eleitoral. Nomes como José Bianco, que acumulou os cargos de vereador, prefeito, deputado federal e senador, e Valdir Raupp, com uma trajetória de vereador, prefeito, governador e senador, estão se afastando. A ex-deputada federal Marinha Raupp também marcou presença com cinco mandatos consecutivos.
Líderes mais antigos, como Amir Lando, atuando como deputado federal, estadual, senador e até ministro da Previdência Social, agora estão menos ativos, sem a mesma constância do passado. O ex-prefeito da capital e ex-deputado federal, José Guedes, foi uma liderança nacional, um dos fundadores do PSDB a nível nacional ao lado de José Richa e Mário Covas.
Recentes figuras, como Ivo Cassol, ex-prefeito, ex-governador (dois mandatos consecutivos) e ex-senador, encontram-se inelegíveis, impedidos de concorrer em 2022, e geram incertezas quanto a 2026. O senador Confúcio Moura, prefeito, deputado federal e governador por dois mandatos consecutivos, está considerando uma aposentadoria política. Expedito Júnior, ex-deputado federal derrotado em duas eleições seguidas para governador (2014 e 2018), também provavelmente não participará diretamente das próximas eleições.
O surgimento de novas lideranças políticas é um processo natural e essencial. A renovação é um fator preponderante. Atualmente, o número de novas lideranças é menor em relação aos políticos tradicionais que deixarão de concorrer nas próximas eleições, mas esse grupo está em ascensão. O governador Marcos Rocha, do UB, emerge como uma liderança promissora em Rondônia. Em 2018, ele superou Expedito Júnior no segundo turno e, em 2022, conseguiu sua reeleição ao derrotar o senador Marcos Rogério, também parte da nova geração. Isso reflete uma sólida força eleitoral, e é provável que Rocha dispute o Senado em 2026.
Em outubro do próximo ano, estão previstas eleições municipais para prefeito e vereador. Os dirigentes partidários almejam eleger o maior número possível de prefeitos e vereadores para garantir um suporte robusto em 2026, quando ocorrerão as escolhas de governadores, duas vagas ao Senado por estado e pelo Distrito Federal, além de cargos na Câmara Federal, Assembleias Legislativas e a presidência da República.
A "velha guarda" política de Rondônia provavelmente não participará da sucessão estadual em 2026. Enquanto isso, as gerações mais jovens estão ganhando espaço. Líderes como o presidente da Assembleia Legislativa (Ale), Marcelo Cruz (Patriota), o advogado universitário Vinícius Miguel (PSB), que já concorreu a governador em 2018, e a ex-deputada federal Mariana Carvalho (Republicanos), também ex-vereadora na capital, estão prontos para enfrentar as urnas.
O prefeito reeleito da capital, Hildon Chaves, que preside a Associação Rondoniense dos Municípios-Arom, surge como uma das figuras de maior expressão para uma possível candidatura a governador daqui a pouco mais de três anos. Ele permanecerá no cargo até dezembro do próximo ano e terá até outubro de 2026 para moldar sua candidatura com amplas possibilidades de sucesso. Até as eleições para governador, ele continuará na presidência da Associação Rondoniense dos Municípios-Arom, um trunfo eleitoral crucial para uma candidatura de sucesso.
Após o governo de Oswaldo Piana na década de 90, somente em 2018, com a eleição de Marcos Rocha, a capital, hoje com mais de 300 mil eleitores, voltou a eleger um governador. Antes da eleição de Rocha, apenas governadores do interior haviam sido eleitos, como Valdir Raupp (Rolim de Moura), José Bianco (Ji-Paraná), Ivo Cassol (Rolim de Moura) e Confúcio Moura (Ariquemes).
Na atual conjuntura política, o interior conta somente com o senador Marcos Rogério (PL), de Ji-Paraná, que foi derrotado por Rocha em 2022, nos dois turnos, mas ainda mantém um potencial eleitoral para concorrer na sucessão estadual. O ex-senador Acir Gurgacz (PDT), também de Ji-Paraná, encontra-se inelegível, assim como Ivo Cassol (PP) de Rolim de Moura, que enfrenta problemas de inelegibilidade.
Outra figura de Ji-Paraná, o ex-deputado estadual e ex-prefeito (dois mandatos consecutivos), Jesualdo Pires, está bem posicionado para ingressar na disputa pela sucessão estadual. Atualmente, ele considera concorrer à prefeitura de sua cidade no próximo ano. Caso entre na corrida pelo governo do estado, ele possui uma forte base.
O interior, que já representou uma força política-eleitoral considerável no estado, terá dificuldades para romper a hegemonia da capital, restabelecida por Rocha em 2018, nas eleições de 2024. No entanto, até lá, as eleições municipais de outubro do próximo ano para prefeito e vereadores permanecem como importantes marcos no cenário político.