Publicada em 04/09/2023 às 09h42
Skvortsov, residente no território sueco desde a década de 1990, é acusado de "atividades ilegais de informação" contra a Suécia e os Estados Unidos, em decorrência de uma investigação da polícia sueca em colaboração com as autoridades policiais federais norte-americanas (FBI).
O acusado teria utilizado as empresas de importação-exportação de componentes eletrônicos que administrava para as supostas atividades de espionagem.
Essas empresas serviram como plataforma para que "o serviço de informações militares russos (GRU) e parte do sistema estatal russo" obtivessem tecnologia ocidental de forma ilegal, como argumentou o procurador Henrik Olin durante a audiência no tribunal na capital sueca.
De acordo com especialistas citados pela mídia sueca, as informações tecnológicas podem ter sido utilizadas na pesquisa de armas nucleares.
Este julgamento ocorre em meio a uma crescente preocupação das autoridades suecas com a segurança nacional, após a condenação de um ex-funcionário dos serviços secretos suecos por atos de espionagem a favor da Rússia.
No mês de janeiro passado, os tribunais suecos condenaram um ex-agente dos serviços secretos suecos à prisão perpétua após ser considerado culpado por "espionagem agravada".
Neste caso específico, o espião contou com a colaboração de um irmão que também foi condenado à prisão perpétua.
Skvortsov, que está detido desde 2022, pode ser condenado a uma pena de até quatro anos de prisão.
"A defesa declara que ele não é culpado de nenhuma das acusações apresentadas pelo Ministério Público", afirmou a advogada de defesa, Ulrika Borg, aos juízes.
O julgamento, que deve se estender até 25 de setembro, será realizado a portas fechadas por razões de segurança.
De acordo com o procurador sueco, Skvortsov estava a serviço de um sistema estatal bem estabelecido que operava com "regularidade".
"Trata-se de um sistema ilegal de aquisição de tecnologia que remonta à era soviética, exigindo agentes e centros de informações em todo o mundo para abastecer a indústria militar", disse Henrik Olin.
"Sergei Skvortsov era um desses intermediários em uma rede global", acrescentou.
O suspeito foi detido na madrugada de 22 de novembro de 2022 em sua residência, em um subúrbio de Estocolmo, durante uma operação das unidades de comando da polícia que também envolveu dois helicópteros.
Até a sua detenção, e de acordo com as autoridades suecas, ele teria espionado os Estados Unidos desde 1º de janeiro de 2013 e a Suécia desde 1º de julho de 2014.
"Skvortsov representava um sério risco para os interesses da segurança nacional, tanto para a Suécia quanto para os Estados Unidos", disse ainda o procurador Henrik Olin, em declarações à agência France-Presse (AFP), antes do julgamento.
"Basta olhar para o campo de batalha na Ucrânia para ver que a estrutura militar-industrial russa precisa disso", acrescentou na mesma ocasião.
Em 2016, o sistema judicial norte-americano prendeu e julgou em Nova Iorque pessoas que forneceram dispositivos eletrônicos ao sistema militar russo.
"A análise das autoridades norte-americanas indica que o réu seguiu o mesmo exemplo", referiu o procurador à AFP.
Durante buscas domiciliárias, os investigadores suecos encontraram mensagens de correio eletrônico supostamente enviadas pelo Ministério da Defesa russo a Skvortsov e apreenderam computadores, discos rígidos, cartões de memória USB e telefones celulares.
No total, a acusação alega estar na posse de 81 elementos de prova.