Publicada em 07/10/2023 às 09h40
Porto Velho, RO – Quem conhece o senador da República Confúcio Moura, do MDB, politicamente falando, no caso, sabe que ele é cheio de prosa; adepto da poesia; metido a escritor; e, dentro do contexto, ama tergiversação, isto vez que vive “saindo pela tangente”.
O emedebista é daqueles que, ao descrever determinado assunto, gostam de “rodear”, passando vinte ou trinta vezes pelo mesmo lugar, para aí, só então, chegar aos finalmentes. Coisa de quem tem o dom de contar histórias.
Essa característica lírica explica parcialmente por que Moura opta por tentar desesperadamente esconder seu lado ideológico num estado majoritariamente dominado pela direita entre conservadores mais ao polo destro do espectro e liberais moderados.
Apaixonado pela sua legenda – vive rendendo homenagens em seu blog particular –, visa trilhar os caminhos do centrismo, preservando, pessoalmente, a qualidade mais peculiar de sua legenda: adaptação através dos tempos a fim de preservar-se ao lado da situação.
A ideia da agremiação sempre fora manter distância, tanto quanto for possível, do papel de oposição porque pouco se ganha com embates; lado outro, aos “amigos do rei”, há sempre o bônus para desfrute sem necessariamente a incumbência de lidar com o ônus do Poder.
Confúcio, diferentemente, tem consigo pautas ferrenhas defendidas pela esquerda brasileira a despeito de insistir em não querer vínculo direto com o campo progressista.
À época em que ocupou o posto de governador mandando no Estado de Rondônia criou, via decretos, 11 Unidades de Conservação a fim de proteger o meio ambiente. Apesar da boa intenção, a “canetada” transformou-se em tema de discussão em CPI na Assembleia (ALE/RO). Muitos moradores dessas regiões transformadas abruptamente em reservas foram escorraçados de seus lares. Os trabalhos foram prorrogados pelo presidente da Casa de Leis, Marcelo Cruz, do Patriota.
Outro exemplo recente foi quanto postou-se contra o marco temporal enquanto os outros dois congressistas rondonienses, Jaime Bagattoli e Marcos Rogério – ambos do PL –, foram a favor.
Rogério, inclusive, foi o relator.
Pela proposta aprovada, os povos indígenas só poderão reivindicar a posse de áreas que ocupavam, de forma permanente, em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. Na prática, se as comunidades não comprovarem que estavam nas terras nesta data, poderão ser expulsas.
O ex-chefe do Palácio Rio Madeira “nadou” na direção contrária.
Essas demonstrações práticas no exercício da função demonstram de maneira cabal que há um elo muito forte entre ele e a esquerda, de modo geral; e, mais especificamente, com o presidente Lula, do PT.
De acordo com a coluna Opinião de Primeira, do jornalista Sérgio Pires, em coluna veiculada no dia 29 de setembro:
Paralelamente, sem assumir escrachadamente sua identidade política, Confúcio segue levando “sopapos” cibernéticos de uma ruma de seguidores em redes sociais.
Em suma, esse esforço todo com intenção de equilibrar-se em “cima do muro” é em vão: seu querer não afeta em nada a percepção das pessoas. Elas compreendem que, por meio de ações, se toma uma posição sem necessariamente entoá-la aos quatro cantos do Planeta Terra.
Aos 75 anos, com mandato para cumprir até 2026, Moura não parece desejar estender ainda mais sua carreira na política; por isso, mais importante do que encerrar uma história seria finalizá-la com dignidade, assumindo, de uma vez por todas, quem é e para onde pretende ir.