Publicada em 16/10/2023 às 09h10
Entre o conteúdo encontrado no celular do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, alvo de investigações da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, estão fotos dos ditadores Adolf Hitler e Benito Mussolini, do militar segurando armas, além de registros ao lado do clã Bolsonaro.
No aparelho, também havia áudios de xingamentos e cobranças contra os bloqueios em rodovias federais promovidos pela própria PRF durante o segundo turno das Eleições de 2022. A informação é do blog da Malu Gaspar.
Hitler, Mussolini, armas e Bolsonaro
O celular de Silvinei tinha fotografias de Hitler ao lado do então ministro da propaganda do regime nazista, Joseph Goebbels, e do corpo de Mussolini pendurado pelos pés em um posto de gasolina. Em outras imagens, o ex-chefe da PRF aparece segurando uma bazuca.
Porém, de acordo com a jornalista, o material do celular contém indícios de ter sido enviado por terceiros. Não há mensagens enviadas por ele, deste modo, a CPMI deduziu que o ex-chefe da PRF tinha o hábito de apagar os próprios arquivos.
Em 3 de outubro, o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu as quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-chefe da PRF, que tinham sido aprovadas pela CPMI dos Atos Golpistas de 8 de janeiro, no Congresso Nacional.
Silvinei também salvou fotos ao lado do então presidente Jair Bolsonaro (PL) e da então primeira-dama Michelle Bolsonaro durante as comemorações do Bicentenário da Independência — o evento é alvo de investigações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por propaganda indevida antes do período eleitoral.
CPMI do 8 de janeiro termina após 4 meses
Na semana passada, a defesa de Silvinei solicitou ao juízo da 15ª Vara Federal para que os advogados do Senado Federal, da CPMI de 8 de janeiro, compartilhem os depoimentos e documentos que provam a participação do ex-chefe da PRF nos atos antidemocráticos.
A CPMI termina nesta terça-feira (17/10), depois de quase quatro meses e meio de investigações, com a leitura do relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Na quarta (18/10), o colegiado vota a aprovação do texto.
Conforme balanço de depoimentos feitos e documentos recebidos, expedidos e rejeitados, a CPMI do 8 de Janeiro recebeu cerca de 11.931 arquivos com documentação sigilosa.
O que diz a defesa de Silvinei
Ao Metrópoles, o advogado Eduardo Pedro Nostrani Simão disse “não conhecer a existência desses áudios e dessas fotos”. “E que a participação de grupos de WhatsApp pode ensejar a baixa automática para a biblioteca”, afirmou.
Em resposta às alegações de que Silvinei apagava as conversas, Simão afirmou que “o certo é que todos nós apagamos”. “A memória do celular não é infinita. Silvinei nunca manifestou à defesa nenhum tipo de preconceito e discriminação”, diz trecho do comunicado.
“Silvinei, no comando da PRF, agiu com inteligência e conseguiu cumprir a missão de liberar as pistas. Não usou torcida de futebol como sugeriu aquela excêntrica personagem na CPMI”, concluiu a defesa.