Publicada em 09/10/2023 às 08h31
O Irã condenou e rebateu as acusações de que teria auxiliado no planejamento do ataque terrorista à Israel, de autoria do grupo Hamas, no último sábado (7/10). “As acusações quanto ao papel iraniano são baseadas em motivos políticos”, afirmou o porta-voz Nasser Kanani, durante coletiva de imprensa.
Kanani também reforçou que o Irã não intervém na tomada de decisões de outras nações, “incluindo a Palestina”, da qual o Movimento de Resistência Islâmica, conhecido como grupo Hamas, faz parte.
“A resistência da nação palestina tem a capacidade, a força e a vontade necessárias para se defender, defender a sua nação e tentar recuperar os seus direitos perdidos”, afirmou o porta-voz Nasser Kanani.
Contudo, há indícios fortes de que o Irã faz parte de uma rede de financiamento do Hamas.
As afirmações de Kanani decorrem da notícia divulgada pelo Wall Street Journal, cujas fontes afirmaram que os oficiais da Guarda Revolucionária do Irã teriam colaborado com o Hamas por dois meses, no objetivo de coordenar uma invasão ao território israelense. Teriam feito parte quatro grupos apoiados pelo Irã, sendo Hamas, Hezbollah, Jihad Islâmica e mais um movimento.
“O Irã apoia a defesa legítima da nação palestina. (…) O regime sionista e os seus apoiadores (…) devem ser responsabilizados nesta questão”, afirmou o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, em pronunciamento dirigido à nação palestina.
Israel x Hamas: saldo até o 3º dia de conflito
São, ao todo, 100 mil soldados israelenses reposicionados na fronteira com a Faixa de Gaza, com tropas espalhadas por sete ou oito pontos, de acordo com o porta-voz. Além disso, são quatro divisões instalas no sul do país, e o governo alegou ter atacado 500 alvos do grupo Hamas e da Jihad Islâmica.
Os dados oficiais superam os 700 mortos em no país, 413 deles sendo de civis. A expectativa é que o número suba.
O balanço do conflito indica, até o momento, ao menos 1,2 mil mortos: 700 pessoas em Israel; 493 na Faixa de Gaza; e 7 na Cisjordânia. Os feridos já passam de 4,5 mil, 2,2 mil confirmados em Israel e 2,3 mil palestinos. O Hamas teria mais de 100 reféns.
A relação de Irã e Israel
Por conta da invasão de Israel à antiga Palestina, o Irã não reconhece a existência do país. Para não atacar Israel diretamente, devido principalmente ao apoio explícito dos Estados Unidos da América (EUA) ao país, o Irã promove o financiamento de grupos extremistas de pró-palestinos, como o Hamas.
Contudo, em maio deste ano a França chegou a acusar o Irã de violar o acordo nuclear da Organização de Nações Unidas (ONU), após um teste com míssil. Em março, os Estados Unidos (EUA) afirmaram que levaria apenas alguns meses para o Irã construir uma bomba, caso o regime do aiatolá Ali Khamenei decidisse se tornar uma potência nuclear.
Recentemente, a ativista iraniana Narges Mohammadi venceu ao Nobel da Paz. Ela é conhecida principalmente por sua luta em prol dos direitos das mulheres no Irã, após a prisão e morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, por “uso incorreto” da indumentária.
O Irã é uma república islâmica localizada no golfo pérsico, um dos locais dominados pelo Império Persa. Sua religião principal é o islamismo, e é um dos principais exportadores de petróleo e gás natural, sendo um dos fundadores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).
O Grupo Hamas
O Movimento de Resistência Islâmica é um grupo de ultradireita que foi financiado pelo Irã, cujo objetivo oficial seria “garantir a libertação dos palestinos e lutar pelo fim de Israel”. O líder do Irã, Ali Khamenei, chegou a chamar o país de “câncer”. O Hamas assumiu o controle da Faixa de Gaza em 2007, quando jurou destruir os inimigos.
O grupo fez um ataque surpresa no último sábado (7/10), onde efetuou 5 mil foguetes, segundo o Hamas. De acordo com o governo, foram 2 mil disparos. O ataque foi batizado pelo grupo de Dilúvio Al-Aqsa.
O estatuto do Hamas inclui Israel como território palestino, e define a Palestina como terra islâmica, não judia. Foi criado juntamente com o início dos conflitos na Faixa de Gaza, e o Hamas é considerado um grupo antissemita, pois também ataca os judeus enquanto povo.
O conflito na Faixa de Gaza
A Faixa de Gaza é um dos territórios mais conflituosos do mundo, tendo sido palco de uma disputa que se estende desde 1967, quando Israel invadiu a Cisjordânia e a Faixa, na terra que antes era conhecida como Palestina, local também muito associado ao “lar original” dos judeus, na Bíblia.
É um território de 41 quilômetros de comprimento e 10 quilômetros de largura. Faz fronteira com o Egito, com Israel e o Mar Mediterrâneo, e abriga cerca de 2,3 milhões de pessoas. Segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU), 80% da população da Faixa de Gaza depende da ajuda internacional.