Publicada em 13/10/2023 às 08h53
“Ninguém sabe o que fazer”. A frase é de Inas Hamdan, oficial da agência de refugiados palestinos da ONU na Cidade de Gaza e se refere à ordem das Forças de Defesa de Israel para que habitantes no norte do território fugissem para o sul em 24 horas.
Segundo entrevista de Hamdan à agência de notícias AP, a situação na cidade se tornou um “caos”, e que as pessoas pegam tudo o que podem e fogem. “Esqueça a comida, esqueça a eletricidade, esqueça o combustível, a única preocupação agora é se você vai sobreviver, se vai viver“, afirmou Nebal Farsakh, porta-voz do Crescente Vermelho Palestino na Cidade de Gaza.
Farsakh diz que é impossível evacuar 1,1 milhão de pessoas – suposto número de cidadãos ao norte da região – com segurança dentro de 24 horas. E deu o exemplo de inúmeros médicos e pacientes que se encontram em hospitais neste momento.
A expectativa é de que Israel, além dos bombardeios aéreos, promova uma invasão terrestre em uma das áreas mais densamente povoadas da Faixa de Gaza, após o massacre contra civis promovido pelo grupo extremista Hamas desde o último sábado (7/10).
A confusão é ainda maior porque a Autoridade do Hamas para os Assuntos dos Refugiados afirmou que os habitantes do norte devem “permanecer firmes nas suas casas e permanecer firmes face a esta repugnante guerra psicológica travada pela ocupação”. Com colapso das linhas telefônicas, internet falha a maior parte do tempo e a falta de energia, os cidadãos não sabem como se informar com segurança.
“Até agora, as pessoas acreditam que isto é uma espécie de guerra psicológica, não querem acreditar”, afirmou Safwat al-Kahlout, repórter da rede Al Jazeera. “Em termos práticos, 1,1 milhões de pessoas – não têm instalações suficientes para se deslocarem, como poderão deslocar-se? Burros? Eles não têm burros suficientes. Carros? Não há carros suficientes. Não há combustível para os veículos circularem há sete dias”, acrescentou al-Kahlout ao site.
Pela “segurança” dos civis da Cidade de Gaza
O aviso dos militares israelenses foi direcionado a funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU), civis que ocupam abrigos da ONU e civis em geral. No comunicado, as Forças de Defesa dizem que a saída de ver feita para “segurança” dos próprios cidadãos porque Israel planeja “operar significativamente na Cidade de Gaza”.
“Vocês só poderão retornar à Cidade de Gaza quando for feito outro anúncio permitindo isso. Não se aproxime da área da cerca de segurança com o Estado de Israel”, continua o texto israelense.