Publicada em 24/10/2023 às 14h37
Uma nova reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o conflito armado no Oriente Médio ocorre nesta terça-feira (24/10), em Nova York (EUA), presidida pelo ministro das Relações Exteriores (MRE) do Brasil, Mauro Vieira. Após os discursos de diversos integrantes do conselho, o brasileiro pediu um “mínimo de humanidade” ao Hamas e ao Estado de Israel.
“Hamas deve libertar reféns e Israel deve encerrar os bombardeios. Eles precisam ter um mínimo de humanidade“, afirmou o chanceler brasileiro.
“Quero fazer um apelo imediato e incondicional para a libertação de todos os civis reféns, em particular mulheres e crianças”, ressaltou Vieira.
A declaração reforça o posicionamento do governo brasileiro pelo cessar-fogo, posição acompanhada pelos demais integrantes do conselho, com exceção dos EUA, que, na última reunião do colegiado, rejeitou a proposta.
O ministro brasileiro ainda destacou em seu discurso que os caminhões que entram na Faixa de Gaza não são suficientes para ajudar os palestinos. “O número de caminhões de ajuda humanitária que cruzaram a fronteira é insuficiente para satisfazer as necessidades das pessoas. Hospitais operam em capacidade incompleta. Civis precisam ser respeitados e protegidos em todos os tempos, em todo lugar”, explicou.
Os diplomatas prestaram condolências aos mortos no conflito. O coordenador especial da ONU, Tor Wennesland, enfatizou o posicionamento da instituição no que diz respeito ao cessar-fogo. “A ONU foi muito clara em condenar os ataques”, ressaltou Wennesland. “Repito para todos os envolvidos agirem com responsabilidade. Qualquer erro de cálculo terá impactos imensos”, completou.
Punição coletiva
“Isso é punição coletiva”, criticou o chanceler da Palestina, Ryad Al Maliki, que destacou os números de mortos e feridos na região da Faixa de Gaza e relembrou o conflito histórico.
Já o chanceler de Israel, Eli Cohen, focou parte de seu discurso em reforçar os pedidos pela liberação de reféns e contra os atentados de 7 de outubro. Ele também recitou um dos poemas que fazem referência ao Holocausto, chamado “Não posso esquecer”, de Alexander Kimel, e pouco depois comparou o Hamas a nazistas.
Recentemente, após o veto à proposta brasileira, os Estados Unidos apresentaram um novo plano para a resolução do conflito. A tendência é que Rússia e China, que são membros permanentes e têm poder de veto, se posicionem contra a ideia norte-americana, principalmente devido ao comportamento da diplomacia estadunidense.
Negociações
De acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, a decisão de permitir ajuda limitada a partir do Egito foi tomada após um pedido formal do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em visita a Israel.
No entanto, o governo tenta, desde a semana passada, dialogar o cessar-fogo para conseguir repatriar os brasileiros “ilhados” na Faixa de Gaza. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou negociar diretamente com os presidentes de Israel, Isaac Herzog, do Egito, Abdul Fatah al-Sisi, e da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, havia afirmado que ficou acordado que a passagem de Rafah será reaberta, após reunião com o presidente egípcio, Abdel Fattah el-Sisi, no Cairo. Contudo, isso não se concretizou na data estipulada (16/10).
Após dias de negociação e consternação de diversos chefes globais, o Conselho de Segurança da ONU votou a minuta brasileira de resolução que poderia frear o conflito entre Israel e Hamas. O texto, no entanto, não passou – foi vetado pelos EUA Agora, uma perspectiva pacífica está mais distante no horizonte. Mauro Vieira também já havia criticado a “paralisia” do Conselho de Segurança frente ao caso.
Repatriados
O governo do Brasil já repatriou mais de 1,1 mil pessoas, tendo encerrado a primeira fase da maior operação já realizada pelo país em uma zona de conflito. Ao todo, já saíram de Israel para o Brasil em voos da Força Aérea Brasileira (FAB) 1.135 cidadãos brasileiros.
O resgate, batizado Operação Voltando em Paz, começou logo após a declaração de guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas. Faltam, agora, os brasileiros que estão na Faixa de Gaza – impedidos de chegar à passagem de Rafah devido ao conflito.