Publicada em 06/10/2023 às 14h54
Desde a Plataforma Unitária Democrática (aliança opositora), reiteramos a nossa condenação absoluta pela onda de perseguição que o regime de Maduro continua a intensificar contra as forças democráticas venezuelanas", referiu a força opositora, num comunicado divulgado em Caracas.
A oposição reagiu desta forma ao anúncio feito na quinta-feira pelo Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, sobre a emissão de um mandado de captura internacional contra o ex-presidente do parlamento, Juan Guaidó, e outros venezuelanos.
"Fazemos chegar a nossa solidariedade e apoio a todos os que estão a ser afetados por este atentado e insistimos que atualmente na Venezuela não há justiça nem independência de poderes, mas sim violações constantes dos direitos humanos dos cidadãos, todas documentadas", declarou a aliança.
A oposição denunciou ainda que o Governo venezuelano, "fazendo uso de uma justiça ao serviço do regime", está a solicitar a extradição de três "valentes deputadas", Dinorah Figueroa, Marianela Fernández e Auristela Vásquez, integrantes da junta de direção da Assembleia Nacional de 2015, de maioria opositora.
Segundo a imprensa local, Dinorah Figuera está exilada nos Estados Unidos, enquanto Marianela Fernández e Auristela Vásquez, encontram-se em Espanha.
"Expressamos toda a nossa solidariedade para com estas dignas e valentes mulheres perante esta cobarde perseguição", salientou ainda a oposição venezuelana, numa mensagem publicada na rede X (antigo Twitter).
Numa outra mensagem, a oposição manifestou ainda solidariedade para com o antigo presidente da Câmara Metropolitana de Caracas, António Ledezma (exilado em Espanha), também, segundo a mesma fonte, "uma vítima do abuso de poder do regime de Maduro, que utiliza o poder judicial como instrumento de perseguição das forças democráticas e dos seus dirigentes".
"Hoje, mais do que nunca, vamos todos votar no dia 22 de outubro nas primárias (dos partidos opositores para eleger um candidato único para as presidenciais de 2024), em unidade, para derrotar Nicolás Maduro e os seus cúmplices", defendeu a oposição.
O Ministério Público da Venezuela emitiu, na quinta-feira, um mandado de captura internacional contra Juan Guaidó.
Guaidó é acusado de traição à pátria, usurpação de funções, aproveitamento ou desvio de dinheiro, títulos e bens públicos, branqueamento de capitais e associação criminosa, disse o Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, em conferência de imprensa, na sede do Ministério Público, em Caracas.
Citando documentos do tribunal de Delaware, nos Estados Unidos, Saab explicou que Guaidó usou recursos da petrolífera estatal Petróleos da Venezuela SA (Pdvsa) em proveito próprio e "obrigou" uma filial da empresa a aceitar termos de refinanciamento que causaram "perdas à nação de 19 mil milhões de dólares" (cerca de 18,03 mil milhões de euros), o que "resultou na perda quase definitiva da Citgo", empresa petrolífera venezuelana nos Estados Unidos.
Em janeiro de 2019, o então presidente do parlamento Juan Guaidó jurou publicamente assumir as funções de presidente interino da Venezuela, até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.
Guaidó foi reconhecido como presidente interino da Venezuela pelos Estados Unidos e recebeu o apoio de parte da comunidade internacional, de quase 60 países, entre eles Portugal.
O governo interino foi dissolvido em janeiro, por decisão da maioria dos partidos da oposição, que o apoiavam.
O político abandonou a Venezuela em abril de 2023, para a Colômbia, de onde foi expulso, acabando por ir para os Estados Unidos.
Na quinta-feira, o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) da Venezuela aprovou solicitar a extradição de António Ledezma e das ex-deputadas opositoras Dinorah Figuera, Marianela Fernández e Auristela Vásquez, todos acusados de traição à pátria, entre outros delitos.
Em 2017, o STJ tentou, sem sucesso, extraditar de Espanha o ex-presidente da Câmara Metropolitana de Caracas, António Ledezma.