Publicada em 17/10/2023 às 09h15
Após a Organização das Nações Unidas (ONU) condenar a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas e solicitar cessar-fogo no que diz respeito aos recentes eventos decorrentes do conflito, as críticas subiram de tom. Uma dos porta-vozes da ONU deixou claro, na manhã desta terça-feira (17/10), que a escalada violenta não justifica o que os civis na região têm passado.
“A violação de um lado não absolve o outro lado”, afirmou a porta-voz da ONU para Direitos Humanos, Ravina Shamdasani. “Não se pode ter um punição coletiva como resposta aos ataques horríveis (do Hamas)”, completou.
Ela ressaltou ainda os temores globais quanto ao aumento do número de civis mortos durante os dias que se seguirão. E enfatizou a ausência de apoio aos civis que fugiram da Faixa de Gaza durante a evacuação forçada.
Shamdasani apontou preocupação em relação aos civis que estão sem água, mantimentos, remédios e até energia na Faixa de Gaza, por causa do cerco criado por Israel.
“Temos sérios temores quanto ao número de civis nos próximos dias. As operações militares não mostram sinais de diminuição, o cerco contínuo a Gaza está afetando o abastecimento de água, alimentos, medicamentos e outras necessidades básicas, e há indícios diários de violações das leis de guerra e da lei internacional de direitos humanos”, frisou.
Além das mais de 4 mil pessoas que perderam a vida no conflito entre Israel e o Hamas, a porta-voz da ONU pontuou a morte de jornalistas, profissionais de saúde e funcionários da própria organização. No total, são, até agora, pelo menos 11 jornalistas palestinos, 28 equipes médicas e 14 funcionários da ONU.
Ela pediu também que civis não sejam alvejados e ressaltou que Israel ordenou a evacuação na Faixa de Gaza, mas não proveu abrigo aos deslocados.
“A lei internacional exige que qualquer evacuação temporária legal por parte de Israel (…) deve ser acompanhada pelo fornecimento de acomodação adequada para todos os evacuados, realizada em condições satisfatórias de higiene, saúde, segurança e nutrição”, explicou Shamdasani. “Parece que Israel não tentou garantir isso para os 1,1 milhão de civis que receberam a ordem de se mudar”, completou.
Críticas da ONU resultam do número de mortos e feridos
Até o domingo (15/10), a guerra entre Israel e o grupo extremista Hamas havia registrado 4.070 óbitos entre os dois povos. O Ministério da Saúde palestino contabilizou 2.670 mortes no conflito. Já a Embaixada de Israel informou que 1,4 mil pessoas perderam a vida. Além disso, há mais de 13 mil feridos, sendo 3,5 mil em Israel e 9,6 mil em Gaza.
O ataque à Faixa de Gaza ocorrerá “muito em breve”, de acordo com o discurso do porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari, transmitido na noite do último sábado (14/10). Ele, contudo, não afirmou quando a ofensiva ocorreria, mas reforçou o pedido para que civis se dirigissem ao sul de Gaza.
O aumento da tensão no Oriente Médio tem acendido um alerta global. Os líderes latino-americanos não consigam entrar em um consenso, e até o presidente dos Estados Unidos (EUA), Joe Biden, disse que a invasão da Faixa de Gaza por parte de Israel é “um grande erro”, ao mesmo tempo firmou apoio à nação israelense, por exemplo. Até o presidente russo, Vladimir Putin, diz tentar um cessar-fogo.
O mesmo ocorre com a ONU, que também não tem um consenso sobre a situação, e teve o acordo contra guerra travado. A expectativa é que o assunto seja retomado nesta terça-feira (17/10).