Publicada em 16/10/2023 às 08h10
Depois que explodiu a guerra entre Israel e o grupo radical Hamas, a pergunta que mais intriga os porto-velhenses é se os acontecimentos lá no distante Oriente Médio podem influenciar Rondônia e a sua suja e imunda capital. Será que os grupos Hamas, Hezbollah e Jihad Islâmica podem, de uma hora para outra, direcionar a sua ira para esta província atrasada e incivilizada do Brasil? Claro que não! Esta possiblidade está totalmente fora de contexto, mas motivos não faltam para que os radicais muçulmanos deem uma lição em nosso povo e também em nossas autoridades. “Como pode uma capital de Estado ser tão suja e mal cuidada como é Porto Velho?”, devem pensar os muçulmanos mais intransigentes. “Uma cidade que não tem sequer um hospital de pronto-socorro para seu povo mais pobre tinha que ser riscada do mapa”, pensam outros.
Um daqueles líderes barbudos disse que esta cidade jamais vai ter um hospital de verdade. Até a construção do novo hospital, que fez muita gente ganhar as eleições, já foi paralisada. “Era de se esperar”, disseram. “As autoridades desta cidade e também do Estado são muito incompetentes e gostam de enganar a população pobre durante as eleições e por isso todas elas deveriam ser castigadas”, argumentam os jihadistas. Além do mais, não existe nem na cidade nem na província inteira qualquer resquício de oposição. Todos os vereadores e quase todos os deputados estaduais fecham sempre com o seu Poder Executivo inviabilizando dessa maneira a possiblidade de qualquer crítica ao governante de plantão. Mas aumentar impostos como ICMS, IPVA, IPTU, dentre muitos outros, é a coisa mais fácil que se vê por estes confins sem eira nem beira. Haja deboche!
Uma cidade que não tem rede de esgotos, não tem água tratada, nunca teve saneamento básico e também não tem mobilidade urbana e cujas ruas são tortas não deveria ser atacada de jeito nenhum. O caos já impera por aqui há muito tempo. Atacá-la com mísseis e bombas seria castigá-la duplamente. Porto Velho já está destruída e bombardeada há décadas. Além do mais, toda vez que a prefeitura coloca asfalto em uma rua, a CAERO, Companhia de Água e Esgotos de Rondônia, destrói tudo com a intenção de levar conforto para o contribuinte. Esse sim, que é um bombardeio de verdade. Vejam, por exemplo, a rua torta chamada de Santos Dumont lá na zona norte da cidade. Não plantaram uma única árvore nela apesar do calor infernal que faz na cidade. Pior: eles fazem ruas por aqui só com o asfalto e sem a menor esperança de ter saneamento básico.
Um daqueles chefes radicais disse que um povo tão tosco como o rondoniense, que presenteia os forâneos com energia boa e barata em detrimento de sua grande riqueza ambiental, merece ser punido com rigor tanto por Deus como por Alá. O problema é que bombardear o que já está destruído e acabado é pura perda de tempo. Esse povo também matou o maior rio que tinha para “ter o prazer” de poder pagar uma das contas de energia mais caras do país. Se Porto Velho fosse bombardeada espalharia muita fumaça pela cidade, só que não faria tanta diferença assim, pois os moradores já estão acostumados com a fumaceira e também com a poeira de muitas de suas esburacadas ruas. Não há a menor necessidade de se atacar essa província longe e incivilizada só porque ela é da extrema-direita apesar de ter só eleitores pobres. Essa guerra no Oriente não chegará aqui, pois a nossa batalha já está perdida. E mesmo sem o HEURO vamos continuar resistindo.
*Foi Professor em Porto Velho.