Publicada em 09/10/2023 às 10h21
Porto Velho, RO – O senador Confúcio Moura, do MDB de Rondônia, compartilhou sua visão sobre a política brasileira em um artigo recentemente publicado. No texto, o congressista aborda a questão da negação da política no contexto do país, sem emitir juízo de valor sobre a situação.
No artigo, Moura destaca que a negação da política é frequentemente considerada um desastre social. Ele ressalta que, mesmo sob regimes ditatoriais, as decisões tomadas são de natureza política e têm consequências significativas nas vidas das pessoas que vivem sob esses regimes. Em uma sociedade democrática, a política desempenha um papel ainda mais crucial, uma vez que envolve uma variedade de espaços de poder que, teoricamente, representam os interesses da sociedade como um todo.
O congressista também relembra um período significativo da história brasileira, os últimos anos do regime militar. Nessa época, Moura destaca que a política estava presente em todos os cantos do Brasil, com pessoas discutindo ativamente sobre como recuperar a liberdade e superar as restrições impostas pela ditadura. Desse movimento, surgiram várias organizações de resistência ao regime, que desempenharam um papel fundamental na transição para a democracia.
O senador menciona que, ao longo dos anos, houve um desgaste na atividade política, e o debate público sobre política se concentrou mais nas agendas partidárias e no personalismo de certos líderes populares, com diferentes visões políticas. No entanto, ele destaca que isso não significa uma negação da política, mas sim uma mudança na forma como a política é praticada.
Moura enfatiza que a política continua desempenhando um papel central na sociedade brasileira. Ele observa que até mesmo movimentos políticos mais conservadores estão ativamente envolvidos na vida política, como evidenciado nas recentes eleições para os conselhos tutelares. O congressista argumenta que todas as formas de atuação política são legítimas em um regime democrático, e a sociedade, por meio de seus processos e regras estabelecidas, é quem deve avaliar as virtudes das diferentes abordagens políticas.
O texto do senador Confúcio Moura ressalta que a política vai além da disputa eleitoral e dos votos, e que o verdadeiro teste da política está na humanidade presente nas ideias políticas defendidas e no respeito às regras do jogo político. Ele enfatiza a importância da humanidade como um valor fundamental para aqueles que não negam a política, destacando que é a sociedade que, em última instância, determinará o sucesso das diferentes abordagens políticas.
CONFIRA A ÍNTEGRA:
A negação da política não é um dado da realidade brasileira
Por Confúcio Moura
A negação da política sempre foi um aliado do subdesenvolvimento e do atraso. Mesmo em regime ditatoriais, as decisões são políticas e, portanto, têm impactos sobre as vidas das pessoas subjugadas ao regime. Em uma sociedade democrática isto é mais verdadeiro, uma vez que as decisões envolvem vários espaços de poder que, em tese, representam os interesses do conjunto dessa sociedade. Nos últimos anos do regime militar, o Brasil respirava política.
Em qualquer canto, beco, viela, praças, igrejas, botequim, grupo de jovens, sala de aula todos discutiam política, formas de voltar à liberdade, de romper com os limites impostos pela ditadura. Deste movimento surgiram organizações de resistência ao regime (direitos humanos, ambientais, religiosos, sindicais, classistas, políticos) que organizaram a volta à democracia e nos ajudaram a exercitar a vida em liberdade.
Com o desgaste da atividade política 30 anos após a redemocratização, o debate da política se resumiu às pautas partidárias e ao personalismo em torno de alguns nomes de grande alcance popular – e de diferentes nuances e profundidade política. Quando os ânimos entre estes se acirraram, iniciou-se o discurso, enganoso, de que tínhamos voltado à negação da política. Isto não é verdade. Nenhum movimento feito por qualquer um dos lados da cena política brasileira tem a abdicação da política como pano de fundo, menos ainda a sua supressão como objetivo.
É a forma de fazer a política, o quanto de humanidade tem nas teses políticas defendidas, no respeito às regras estabelecidas para o jogo político e na biografia de cada um dos políticos envolvidos que se avalia o desenvolvimento de uma sociedade. Eleição dos Conselhos Tutelares Os movimentos mais conservadores não negam a política.
As recentes eleições para os conselhos tutelares foi a prova de que participam ativamente da vida política e que querem ocupar todos os espaços possíveis. As bancadas que os representam nos parlamentos, Câmara e Senado inclusos, são provas de que a política é um jogo que gostam de jogar. No regime democrático, Isso é legitimo. O mesmo se aplica às teses que defendem. O que as forças não conservadoras devem evitar é o discurso, ou a crença, de que nas teses progressistas estão todas as virtudes da política. Não! Elas estão em todas as formas de atuação política. Se são de fato virtuosas, a sociedade – e aí voltamos ao nível de evolução que citamos no começo deste texto – é que definirá, nas formas e momentos estabelecidos no seu regramento.
Portanto, a luta política é maior do que a disputa por eleições, por votos. A política, no seu nível mais alto, exige “o quanto de humanidade tem nas teses defendidas…”. Falo de humanidade, que é o maior de todos os valores defendidos por aqueles que não negam a política.