Publicada em 27/11/2023 às 16h04
As potências ocidentais, o Japão e a Coreia do Sul condenaram o lançamento, tal como o secretário-geral da ONU, António Guterres, observando que a utilização de tecnologias de mísseis balísticos viola as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
"Nenhuma outra nação no mundo está numa situação de segurança tão crítica" como a Coreia do Norte, disse hoje o embaixador norte-coreano, Kim Song, numa rara aparição no Conselho de Segurança da ONU, deplorando que outros países não estejam sujeitos às mesmas restrições a satélites.
"Um país beligerante, os Estados Unidos, está a ameaçar-nos com armas nucleares. É direito legítimo da Coreia do Norte, como outra parte beligerante, desenvolver, testar, fabricar e possuir sistemas de armas equivalentes aos que os Estados Unidos possuem ou estão a desenvolver", acrescentou.
Depois de duas tentativas falhadas em maio e agosto, um foguete descolou na terça-feira da Coreia do Norte, colocando em órbita o satélite de observação militar "Malligyong-1", segundo a imprensa norte-coreana. A Coreia do Sul confirmou na quinta-feira que o lançamento em órbita foi bem-sucedido.
Num tom irónico face às acusações de que a tecnologia de satélite ajuda Pyongyang a aperfeiçoar os seus mísseis, o diplomata perguntou aos norte-americanos se enviavam os seus próprios satélites para órbita "com uma catapulta".
A embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Linda Thomas-Greenfield, rejeitou os argumentos norte-coreanos, advogando que os exercícios militares conjuntos "rotineiros" entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul eram "de natureza defensiva".
"Reduzimos intencionalmente os riscos e demonstramos transparência ao anunciar exercícios com antecedência, incluindo datas e atividades, ao contrário da Coreia do Norte", acrescentou a embaixadora, sublinhando que estes exercícios não violam as resoluções do Conselho de Segurança.
"Estamos a trabalhar com os nossos aliados para os ajudar na proteção da sua soberania contra as vossas ações, que se baseiam na paranoia sobre um possível ataque dos Estados Unidos. Se há algo que os Estados Unidos querem fornecer à Coreia do Norte é assistência humanitária ao seu povo, e não armas para destruir o seu povo", frisou Thomas-Greenfield numa troca de palavras com o seu homólogo norte-coreano.
A diplomata também acusou mais uma vez a China e a Rússia, membros permanentes do Conselho de Segurança e com direito de veto, de impedirem o órgão da ONU de agir sobre a questão norte-coreana.
Já o vice-embaixador chinês, Geng Shuang, acusou Washington de "aumentar as tensões e o confronto" através da sua aliança militar com Seul.
"Se a Coreia do Norte se sentir constantemente ameaçada e as suas legítimas preocupações de segurança permanecerem, a península não será capaz de escapar deste dilema de segurança e será apanhada num ciclo vicioso de ações retaliatórias agressivas", afirmou.