Publicada em 23/11/2023 às 15h20
Dezenas de camiões estavam hoje estacionados em frente ao Estádio Internacional do Cairo, onde ocorreu um grande evento de apoio à Palestina, com a presença do Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, segundo imagens divulgadas pelo canal de televisão estatal Al Qahera News.
De acordo com imprensa local, a caravana junta-se a quase meio milhar de camiões na passagem de Rafah, que liga a região do Sinai à Faixa de Gaza, para entrar no enclave quando for implementada a trégua, a partir das 07:00 locais (05:00 em Lisboa) de sexta-feira, acordada entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas.
O Presidente egípcio destacou que cerca de 8.400 toneladas, perto de 70% do apoio que entrou no território palestiniano, foram fornecidas pelo Egito desde 21 de outubro, quando Israel permitiu a entrada de ajuda humanitária no enclave palestiniano pela primeira vez desde o início da guerra na região.
Al-Sissi lembrou que o Egito "nunca fechou" a passagem de Rafah, apesar de "ter sido bombardeada quatro vezes do lado palestiniano pelas forças israelitas".
"É importante preservar a vida das pessoas que levam apoio e ter cuidado, porque no final de tudo o que queremos é entregar a ajuda", afirmou.
Segundo as Nações Unidas, antes da guerra, cerca de 500 camiões de ajuda entravam diariamente no território, e são necessários mais de 160.000 litros de combustível por dia para manter as operações humanitárias dentro do enclave.
O Presidente do Egito, cujo país mediou juntamente com o Qatar e os Estados Unidos a trégua de quatro dias, desejou que esta pausa entre em vigor sem atrasos ou adiamentos.
"Os esforços conjuntos do Egito com os Estados Unidos e os nossos irmãos do Qatar alcançaram uma trégua humanitária de quatro dias que pode ser prorrogada. Espero que entre em vigor sem atrasos ou adiamentos a partir de amanhã, sexta-feira", disse Al-Sissi no Cairo, alertando que não aceitará a deslocação forçada de populações ou o fim da causa palestiniana.
"É por isso que o Egito diz que a deslocação para nós é uma linha vermelha, uma linha vermelha que não aceitamos nem permitimos", declarou.
A trégua nos combates entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas entrará em vigor na manhã de sexta-feira e os primeiros reféns serão libertados à tarde, anunciou hoje o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Majed Al-Ansari.
"A pausa humanitária terá início às 07:00 (05:00 hora de Lisboa) de sexta-feira (...) e o primeiro grupo de reféns civis será libertado por volta das 16:00 (14:00 de Lisboa) do mesmo dia", afirmou Majed Al-Ansari.
De acordo com a diplomacia do Qatar, 13 mulheres e crianças detidas pelo movimento islamita Hamas em Gaza, todas membros da mesma família, serão libertadas, enquanto um número ainda desconhecido de prisioneiros palestinianos detidos por Israel será libertado ao mesmo tempo.
A 07 de outubro, combatentes do Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) -- desde 2007 no poder na Faixa de Gaza e classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel -- realizaram em território israelita um ataque de dimensões sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948, fazendo 1.200 mortos, na maioria civis, e cerca de 5.000 feridos.
Em retaliação, Israel declarou uma guerra para "erradicar" o Hamas, que começou por cortes ao abastecimento de comida, água, eletricidade e combustível na Faixa de Gaza e bombardeamentos diários, seguidos de uma ofensiva terrestre que cercou a cidade de Gaza.
A guerra entre Israel e o Hamas, que hoje entrou no 48.º dia e continua a ameaçar alastrar a toda a região do Médio Oriente, fez até agora naquele enclave palestiniano pobre cerca de 15.000 mortos, na maioria civis, e 33.000 feridos, de acordo com o mais recente balanço das autoridades locais, e 1,7 milhões de deslocados, segundo a ONU.