Publicada em 13/11/2023 às 15h03
Um tribunal de Tomsk, na Sibéria, mandou deter Fadeeva, que se encontrava anteriormente em prisão domiciliária, informou a organização de Alexei Navalny no Telegram.
Navalny, de 47 anos, que cumpre ainda pena de nove anos por alegada fraude, foi condenado em agosto passado a mais 19 anos de prisão por criar uma organização considerada extremista, o Fundo Anticorrupção, que denunciou o enriquecimento ilícito de altos funcionários, incluindo Putin, a quem acusou de possuir um sumptuoso palácio nas margens do Mar Negro.
Fadeeva, 31 anos, foi eleita para o Conselho Municipal de Tomsk em setembro de 2020, um feito raro para a oposição russa na altura.
"Ksenia é uma prisioneira política, uma deputada da Duma [em Tomsk], que ganhou o seu mandato após uma luta honesta", escreveu Andrei Fateev, aliado de Navalny e que foi eleito ao lado de Fadeeva em 2020 no Telegram.
"O Governo está a puni-la pelas suas atividades políticas legais e abertas, pela sua luta contra a corrupção e pela exigência de mudança de poder neste país", continuou Fateev, que acabou por deixar a Rússia.
Foi também em Tomsk que Alexei Navalny foi envenenado dias antes das eleições de 2020.
Gravemente doente, o opositor foi transferido para a Alemanha para tratamento e foi detido e condenado a pena de prisão quando regressou à Rússia, em janeiro de 2021.
O seu movimento foi posteriormente declarado como "extremista" e proibido, o que levou a que muitos dos seus colaboradores fugissem do país para evitar serem perseguidos.
Ksenia Fadeeva optou por ficar e foi detida em dezembro de 2021, acusada de organizar um grupo "extremista".
Fadeeva foi sujeita a prisão domiciliária até ao seu julgamento, que teve início em meados de agosto, num contexto de repressão sem precedentes na Rússia.
Quase 20.000 russos foram detidos desde o início do conflito na Ucrânia por protestarem contra as políticas do Kremlin, segundo a ONG, OVD-Info.
Também segundo a organização foram instaurados mais de 670 processos penais contra dissidentes.
Quase todos os principais opositores estão atrás de grades, incluindo Navalny, Vladimir Kara-Mourza e Ilia Yachin, ou estão exilados no estrangeiro.