Publicada em 09/12/2023 às 09h32
Porto Velho, RO – Em um cenário político marcado por mudanças e realinhamentos, o senador da República Confúcio Moura, membro do MDB e ex-governador de Rondônia, finalmente declara sua posição na base do governo Lula. Essa mudança de chave, evidenciada na recente declaração em dezembro, traz à tona questionamentos sobre a demora do congressista em assumir uma postura clara e alinhada com a esquerda.
Ao longo de sua carreira, Moura sempre se autodenominou um político de centro, buscando alianças tanto à esquerda quanto à direita. No entanto, as críticas apontam que suas ações práticas, como a criação de Unidades de Conservação e posicionamentos contrários ao marco temporal para povos indígenas, revelam uma afinidade mais próxima com a esquerda, especialmente com o ex-presidente Lula.
A declaração do senador, enfatizando sua oposição à ditadura militar de direita no Brasil, evidencia seu distanciamento de posições mais conservadoras. No entanto, seus seguidores o cobram por não ter assumido essa postura pró-Lula durante sua candidatura ao Senado em 2018.
Confúcio é cobrado por manifestação pró-Lula / Reprodução
O editorial publicado em outubro pelo site Rondônia Dinâmica já antecipava essa mudança, destacando os esforços de Confúcio Moura em se manter em cima do muro, sobretudo em um estado majoritariamente conservador. O texto ressaltava sua ligação com a esquerda, apontando-o como um dos senadores mais admirados por Lula, o que agora se confirma com sua adesão à base governista.
A demora em assumir uma posição clara pode ter custado ao senador parte de sua credibilidade, principalmente entre aqueles que esperavam uma postura mais definida durante as eleições de 2018. A hesitação em anunciar-se como parte da base de Lula pode ter gerado desconfiança e questionamentos sobre suas reais convicções políticas.
No entanto, o momento atual revela uma mudança de trajetória. Moura, aos 75 anos, parece disposto a encerrar sua carreira política assumindo uma posição alinhada com seus valores e convicções. Resta agora observar como essa transição de centro para a esquerda impactará sua atuação no Senado e sua relação com os eleitores que anseiam por representantes políticos mais transparentes e coerentes.
A mudança de posição do senador Confúcio Moura também se desenha em um cenário político onde Rondônia conta com uma representação majoritariamente alinhada ao campo conservador e liberal. Os dois outros senadores do estado, Jaime Bagattoli e Marcos Rogério, ambos do PL, têm demonstrado publicamente uma afinidade com o governo de Jair Bolsonaro, caracterizando-se como bolsonaristas. Em meio a essa configuração política, a decisão de Moura de integrar a base do governo Lula destaca-se como uma exceção, abrindo espaço para uma diversidade de perspectivas políticas no estado.
Enquanto Bagattoli e Rogério mantêm uma postura alinhada com as ideias conservadoras, o senador Confúcio Moura busca uma nova posição na esfera política, declarando-se agora na base governista de Lula. Essa dicotomia política no Senado Federal de Rondônia reflete não apenas as complexidades da política nacional, mas também as nuances específicas do estado. Rondônia, conhecido por sua predominância conservadora, agora apresenta uma representação diversificada, onde as distintas visões políticas coexistem.
A presença de dois senadores bolsonaristas no estado destaca a relevância do conservadorismo e do liberalismo na região, enquanto a decisão de Confúcio Moura adiciona uma camada de pluralidade ideológica. Nesse contexto, resta saber como essa diversidade política será gerida e como os representantes do estado se posicionarão em temas cruciais que permeiam a política nacional. O Senado Federal torna-se, assim, um palco onde as diferentes correntes políticas se confrontam e se entrelaçam, moldando a narrativa política de Rondônia.
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