Publicada em 13/12/2023 às 09h20
A cúpula climática COP28, em Dubai, aprovou nesta quarta-feira (13/12) um acordo que, pela primeira vez, indica a obrigação de países abandonarem o uso de combustíveis fósseis. No texto, esse seria o primeiro modo para que as alterações climáticas tenham efeitos piores.
É a primeira vez que um acordo do tipo cita diretamente o abandono de combustíveis fósseis. E isso foi uma exigência de muitos países que participaram da cúpula. Veja aqui (em inglês) os 238 pontos que integram o texto final.
De acordo com os participantes, o acordo alcançado em Dubai veio depois de duas semanas que discussões duras e com o objetivo de mandar um recado ainda mais exigente às maiores economias mundiais e aos principais líderes do planeta.
Nas redes sociais, a presidência da COP28 definiu assim o consenso obtido na reunião:
Uma referência sem precedentes para a transição de todos os combustíveis fósseis
Um avanço significativo nas expectativas para a próxima rodada de compromissos nacionais
Cria impulso na agenda de reforma da arquitetura financeira
Uma nova meta específica para triplicar as energias renováveis e duplicar a eficiência energética até 2030
“É a primeira vez que o mundo se une em torno de um texto tão claro sobre a necessidade de abandonar os combustíveis fósseis. Era um elefante na sala e, finalmente, abordamos isso de frente”, definiu o ministro dos Negócios Estrangeiros da Noruega, Espen Barth Eide. O acordo também foi comemorado pelo presidente da cúpula, Sultan al-Jaber.
Segundo ele, “pacote histórico” de medidas e com um “plano robusto” para manter a meta da diminuição de 1,5ºC da temperatura mundial. “Pela primeira vez, temos o termo combustíveis fósseis em nosso acordo final”, apontou.
União Europeia e ONU comemoram resoluções da COP28
Wopke Hoekstra, chefe do clima da União Europeia, comemorou o resultado. “A humanidade finalmente fez o que já deveria ter sido feito há muito tempo. Passamos 30 anos para chegar ao início do fim dos combustíveis fósseis”, discursou.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, divulgou uma mensagem, segundo ele, a “aqueles que se opuseram a uma referência clara à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis”. “Quer você goste ou não, a eliminação dos combustíveis fósseis é inevitável. Esperemos que não chegue tarde demais”, declarou Guterres.
Na verdade, o acordo desta quarta-feira acaba sendo um meio-termo entre aqueles que exigiam medidas mais fortes contra as alterações climáticas e os que defendiam termos mais leves. O que deixou ativistas incomodados. Eles apontam, por exemplo, que existem grandes lacunas no que diz respeito ao financiamento e à equidade entre nações desenvolvidas e em desenvolvimento.
Por outro lado, o texto também não atinge um ponto mais radical que procure a “eliminação progressiva” dos combustíveis fósseis, exigência de mais de 100 países no encontro. As palavras usadas são mais brandas e apela à “transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, de uma forma justa, ordenada e equitativa, acelerando a ação nesta década crítica”.