Publicada em 30/12/2023 às 09h34
O governo da Itália decidiu encerrar imediatamente o Decreto Crescita (Decreto de Crescimento, em italiano), medida criada em 2019 que dava benefícios fiscais à contratação de trabalhadores estrangeiros no país e se tornou ferramenta de impulso à chegada de jogadores internacionais aos clubes de futebol da Série A italiana.
O fim do decreto já estava previsto para 31 de dezembro, mas o governo estudava prorrogar a medida até 29 de fevereiro de 2024. Nesta sexta-feira, porém, o Conselho de Ministros rejeitou o prolongamento dos benefícios fiscais.
A decisão desta sexta recebeu muitas críticas entre os clubes da primeira divisão do país. Para o presidente do Milan, Giorgio Furlani, o fim do Decreto Crescita pode "destruir o futebol italiano".
– Desde a introdução do decreto, conseguimos grandes resultados na Europa para o futebol italiano - observou o dirigente, referindo-se ao vice-campeonato da Inter de Milão e a semifinal do Milan na última Champions League, o vice da Roma na última Liga Europa e uma conquista da Roma (2021/22) e um vice da Fiorentina (2022/23) na Liga Conferência.
A Itália tem três clubes nas oitavas de final da Champions nesta temporada: Napoli, Inter de Milão e Lazio. Na atual Liga Europa, Roma e Milan vão disputar os playoffs em busca de vaga nas oitavas, fase que já conta com a presença da Atalanta. E a Fiorentina é a representante do país nas oitavas da Liga Conferência.
Com o Decreto Crescita, os clubes italianos alcançaram mais competitividade no mercado internacional para contratar jogadores como Victor Osimhen e Khvicha Kvaratskhelia (ambos do Napoli), Romelu Lukaku (Roma, antes na Inter de Milão), Marcus Thuram (Inter de Milão) e Christian Pulisic (Milan).
O fim dos benefícios fiscais deve ter impacto imediato na atuação dos clubes do país na janela de transferências de inverno, em janeiro, e principalmente no fim da temporada, em junho, quando o mercado é mais concorrido.
– É uma ideia estúpida. Eu quero ver quem vai querer vir para a Itália agora. O Estado também vai perder, porque vai ter menos receita entrando - afirmou o presidente da Lazio, Claudio Lotito, citando em entrevista ao site "Notizie.com" alguns clubes rivais como principais vítimas da mudança.
– A Lazio não tem nenhum problema com os contratos atuais, mas Milan, Juventus e Roma correm o risco de serem destruídos por essa situação.
Na direção oposta, a Associação Italiana de Jogadores aprovou o fim do Decreto Crescita.
– Tomamos conhecimento com grande satisfação da notícia da revogação da regra sobre os estrangeiros constante do Decreto Crescita, dispositivo que penalizava todo o movimento futebolístico nacional. Finalmente, a partir de 1 de janeiro de 2024, os jogadores de futebol italianos e estrangeiros poderão competir no mesmo nível - afirmou o presidente da entidade, Umberto Calcagno.