Publicada em 21/12/2023 às 09h24
Num comunicado datado de quarta-feira, hoje citado pelas agências internacionais, esta agência da ONU afirmou ter recebido "informações perturbadoras" sobre a morte de "11 homens palestinianos desarmados" na cidade de Gaza durante uma intervenção do exército israelita num prédio residencial.
Os soldados israelitas "terão, alegadamente, separado homens de mulheres e crianças, depois disparado e matado pelo menos 11 homens (...) na frente dos seus familiares", segundo testemunhos divulgados pelo Observatório EuroMed dos Direitos Humanos.
A agência da ONU confirmou as mortes dos 11 palestinianos, mas disse que "as circunstâncias dos assassinatos" estão a ser verificadas.
"As autoridades israelitas devem conduzir imediatamente uma investigação independente, completa e eficaz sobre estas alegações", defendeu a organização da ONU para os direitos humanos.
Israel reagiu hoje ao pedido, tendo um responsável israelita considerado que as alegações são "uma difamação" baseada em "factos não verificados e infundados", o que, segundo avançou, constitui um "novo exemplo da abordagem partidária e prejudicial" adotada nos últimos anos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos relativamente ao Estado israelita.
"As Nações Unidas não podem ser consideradas um parceiro sério quando os seus órgãos e agências servem continuamente como porta-vozes da propaganda palestiniana e de escudos para os terroristas do Hamas", acrescentou o responsável, citado pela agência francesa de notícias AFP sob anonimato.
Depois de mais de dois meses de guerra em Gaza, a ação do exército israelita é cada vez mais criticada e a pressão internacional por uma trégua das hostilidades tem aumentado.
No fim de semana passado, a morte de uma mãe e da sua filha por um soldado israelita, em frente à única igreja católica de Gaza, e a de três reféns israelitas, atingidos por engano pelas forças israelitas enquanto agitavam uma bandeira branca, provocaram polémica.
Israel diz estar aberto à ideia de uma trégua, mas descarta qualquer cessar-fogo antes da "eliminação do [grupo islamita palestiniano] Hamas", que considera uma organização terrorista, tal como os Estados Unidos e a União Europeia.
Cerca de 20 mil pessoas -- a maioria mulheres, crianças e adolescentes -- morreram em Gaza desde o início da ofensiva do exército israelita, de acordo com as autoridades palestinianas, controladas pelo Hamas.
A ofensiva israelita foi lançada em retaliação pelo ataque, sem precedentes, levado a cabo em 07 de outubro pelo Hamas em território israelita, que, segundo Telavive, provocou cerca de 1.200 mortos e levou à detenção, como reféns, de quase 250 pessoas, das quais mais de 120 ainda estão em Gaza.