Publicada em 11/12/2023 às 08h41
Professor Nazareno*
Depois que a pandemia da Covid-19 diminuiu, o mundo começou a virar de cabeça para baixo. Em várias regiões do planeta, as guerras de anexações de territórios voltaram à tona. Primeiro foi a Rússia de Vladimir Putin que invadiu a Ucrânia e desencadeou uma guerra sem precedentes lá no Leste europeu. Depois veio o caos na Faixa de Gaza quando membros do Hamas, grupo que controla parte da Palestina, assassinou covardemente mais de 1400 pessoas em Israel. A reação do Estado judeu foi avassaladora. Até agora mais de 17 mil palestinos já foram mortos pelos israelenses, que decidiram praticamente tomar e anexar aquele enclave muçulmano. E como se não bastassem esses absurdos, eis que de uma hora para outra, o ditador venezuelano Nicolás Maduro resolveu anexar ao seu país a região de Essequibo pertencente à vizinha Guiana.
Se essa moda de anexar partes de outros países pegar, daqui a pouco a Bolívia vai também querer reivindicar o Acre, que antes pertencera aos bolivianos e fora cedida ao Brasil pelo Tratado de Petrópolis. Em troca do Acre, o Brasil construiu a Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Mas dizem algumas más línguas que o nosso país teria trocado com os bolivianos o nosso charmoso Estado vizinho por um cavalo. Se isso fosse mesmo verdade, a questão seria fácil de ser resolvida com a Bolívia: ela nos devolveria um cavalo e nós entregaríamos o Acre para eles. E ainda poderíamos dar Rondônia como gorjeta. O Brasil se livraria de Rondônia e do Acre de uma vez só. O problema é saber se os bolivianos, exigentes como são, aceitariam ficar com essas duas “porcarias”, pois os dois Estados brasileiros só dão prejuízos ao país. Pertencendo à Bolívia, talvez eles melhorassem mais.
Com essa história maluca de anexar mais de 70 por cento do país vizinho, Nicolás Maduro pode estar cavando a sua própria cova. A Guiana foi colônia do Reino Unido até 1966 e tem laços muito fortes com os Estados Unidos, que têm interesse no petróleo recém-descoberto em Essequibo. E até agora quem ousou enfrentar as grandes potências mundiais se deu mal. Leopoldo Galtieri, ditador da Argentina no início da década de 1980, tentou tomar as ilhas Malvinas da Inglaterra e foi humilhado. Saddam Hussein do Iraque invadiu o Kuwait e depois também foi escorraçado. Todos foram derrotados e tiveram que abandonar o poder. Parece que os venezuelanos e o seu projeto de ditador não sabem como funciona a História. Lula, o “amiguinho” de Maduro, não pode e nem vai fazer absolutamente nada para deter a ambição do seu protegido. Somos um anão diplomático.
O nosso presidente foi um desastre só quando se meteu na atual guerra da Rússia contra a Ucrânia. Falou só tolices e ninguém lhe deu bolas. Em Israel e na Faixa de Gaza foi até pior: os cidadãos brasileiros foram praticamente os últimos a deixarem a área em guerra. Isso sem falar no embaixador de Israel no Brasil, que fez reuniões com Bolsonaro e praticamente “bagunçou” a relação entre os dois países e não teve nenhuma represália por parte do Planalto. Em política externa somos um zero à esquerda. Se a Venezuela invadir mesmo a Guiana mostrará ao mundo o quanto tem respeito pelo Brasil, que insiste em negociar o possível conflito. Aliás, o Maduro já está procurando o Putin da Rússia possivelmente para pedir apoio para as suas loucuras. E o Brasil que se cuide: Manaus e Boa Vista, por exemplo, estão a pouco tempo de voo dos poderosos caças venezuelanos Sukhoi-30. Já Porto Velho pode ficar tranquilo. Ninguém destrói o que já está destruído.
*Foi professor em Porto Velho