Publicada em 15/12/2023 às 08h52
Professor Nazareno*
Porto Velho, a arrasada e destruída capital de Roraima, amanheceu nesta quinta-feira,14 de dezembro de 2023, com uma notícia que estremeceu as bases conservadoras da cidade mais suja e imunda do Brasil. A Estátua da Liberdade de uma das lojas Havan foi incendiada durante a madrugada por dois homens encapuzados em uma moto. Terrorismo na capital das “sentinelas avançadas”? Será que já avançamos a esse ponto? Muitos munícipes, ainda incrédulos, acreditam que foi apenas um curto-circuito o maior responsável pelo sinistro. A tristeza em Porto Velho é visível no rosto de cada pessoa. Guardadas as devidas proporções, é como se a torre Eiffel de Paris tivesse virado cinzas, o Cristo Redentor do Rio de Janeiro caísse do morro do Corcovado e até a própria Estátua da Liberdade de Nova York, a original, tivesse afundado no Atlântico após uma tragédia.
Se ficar comprovado que foi mesmo um ato terrorista, Porto Velho entrará para a História como uma daquelas cidades, onde cenas de terroristas encapuzados correm o mundo inteiro. Mas como assim, terroristas na capital do lodaçal? A capital karipuna é uma das cidades mais insalubres e sebosas do mundo. Aqui não há saneamento básico, mobilidade urbana, arborização, nem água tratada. Não tem também esquerdistas na política. Com raras exceções, quase todo mundo daqui é da direita ou da extrema-direita. Em todas as eleições, no entanto, sempre aparecem alguns candidatos que dizem ser progressistas, mas no fundo todos eles são conservadores. Como pode num ambiente hipócrita, inóspito e insalubre desses aparecer uma organização terrorista para atormentar ainda mais a vida dos infelizes moradores? A “inteligência” da nossa polícia descobrirá!
Muita gente sabe que o “Véi da Havan” se envolveu “de graça” no mundo sujo da política durante os quatro anos do governo passado. Foi, infelizmente, uma figura folclórica que pode ter atormentado a vida de muita gente da esquerda. Pode ter com isso semeado discórdias entre pessoas que não tinham a mesma posição política dele. Ele tem todo o direito de se manifestar politicamente, mas como comerciante comprou briga sem necessidade com praticamente metade de seus possíveis clientes. Sei de pessoas que por discordarem da posição política dele não pisam os pés em nenhuma de suas lojas. E muitos não são nem esquerdistas. Trabalhador, arrojado, empreendedor nato, o “Véi da Havan” poderia ter ficado quieto e assim aumentado suas vendas tanto para bolsonaristas como para esquerdistas. Enquanto metade do mundo chora, a outra metade vende lenços.
Porto Velho é uma espécie de esfíncter anal, com todo o respeito a essa parte do corpo humano, mas se foi terrorismo, nada justificaria ações absurdas como essa, mesmo que aqui não tenha um porto rampeado no rio Madeira, não tenha aeroporto decente, uma vez que as companhias aéreas há tempos boicotam o lugar. Aqui não há limpeza urbana, a classe política é inoperante e corrupta, não existem recantos de lazer, não há boas universidades, o sistema de saúde é precário e conta só com o “açougue” João Paulo II, que se parece um campo de extermínio de pobres. Não tem anel viário, as passarelas na BR-364, que corta a cidade, são curtas demais, as passagens aéreas são as mais caras do Brasil, paga-se um IPTU caríssimo e se convive diariamente com lixo e carniça e por tudo isso, a população da cidade só diminui. Mas não foi terror! Porto Velho nem para isso se presta. Foi vandalismo! E agora, como os porto-velhenses vão se divertir aos domingos?
*Foi Professor em Porto Velho.