Publicada em 05/12/2023 às 10h41
O presidente ucraniano deve falar ao Senado norte-americano numa reunião à porta fechada esta terça-feira, através de videoconferência, procurando recolher mais apoio junto dos principais legisladores dos Estados Unidos para que o Congresso aprove o envio de milhares de milhões de euros para a Ucrânia.
O apoio à Ucrânia nas duas câmaras do Congresso norte-americano tem caído a pique, especialmente após a maioria republicana tomar posse no início deste ano. Com a direita conservadora menos pronta a 'despachar' pacotes de ajuda militar para os ucranianos fazerem frente à invasão russa, a administração de Joe Biden tentou colar a ajuda à Ucrânia com a ajuda a Israel, mas os republicanos continuam céticos sobre se o governo de Kyiv está a aplicar os fundos da melhor forma.
Na segunda-feira, uma carta divulgada pela Casa Branca, a diretora da agência de gestão do orçamento, Shalanda Young, disse que os EUA "estão quase sem dinheiro - e quase sem tempo".
Após o alerta da presidência, o líder do Senado e da maioria democrata na câmara alta, Chuck Schumer, confirmou então a aparição digital de Volodymyr Zelensky perante os senadores, afirmando, citado pelo The Guardian, que os deputados sejam convencidos após "ouvirem diretamente dele sobre o que está em causa"
A Casa Branca procurou aprovar um pacote de apoio de 106 mil milhões de dólares (quase 98 mil milhões de euros) para a Ucrânia e Israel, além de outras questões, como o financiamento de forças de segurança na fronteira com o México. Este pacote incluiu 56 mil milhões de euros apenas para a Ucrânia, com a maioria do dinheiro a ir para armas norte-americanas.
No total, o Congresso norte-americano já enviou este ano mais de 100 milhões de euros para a Ucrânia. Young avisou na segunda-feira que sobra apenas 3% do pacote anterior.
Na segunda-feira, o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, reiterou que "o Congresso tem de decidir se continua a apoiar a luta pela liberdade na Ucrânia, no âmbito da coligação de 50 nações que o presidente Biden construiu, ou vai ignorar as lições que aprendemos com a história e deixar Putin vencer".
A invasão russa na Ucrânia começou em fevereiro de 2022 e, segundo os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, já provocou mais de 9.700 mortos civis. No entanto, as organizações humanitárias alertam que o número real de mortos deverá ser muito superior, devido às dificuldades em contabilizar os mortos em zonas ocupadas pelas forças russas, especialmente nos primeiros meses de guerra, com cercos em cidades como Mariupol a causarem milhares de mortos.