Publicada em 12/01/2024 às 09h52
Desde 2008 quando foram iniciadas as obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, a cidade passou por um ciclo de desenvolvimento econômico, social e político diferenciado. Em curto espaço de tempo mais de 200 mil pessoas chegaram para trabalhar nas obras gigantescas. Porto Velho não estava preparada para isso.
Na época os preços dos imóveis (venda e aluguéis) foram a valores de grandes centros. Era difícil encontrar casas e apartamentos para alugar até no Distrito de Jacy Paraná, onde foi construída a Usina de Jirau. Um imóvel com três quartos, sala, copa, cozinheiro e banheiro era em torno de R$ 5 mil.
A chegada das usinas, se acabou com um dos pontos turísticos mais importantes de Porto Velho, a Cachoeira de Teotônio trouxe uma nova maneira de vida à população. Muito da mão de obra utilizada na usina foi de pessoas que vieram de fora, principalmente técnicos. No pico das obras trabalhavam mais de 20 mil pessoas, diretamente.
A mão de obra, na época, disponível na capital de Rondônia, que era precária, foi revitalizada com a chegada das usinas, que além de trazerem técnicos de fora investiram na capacitação de profissionais a serem utilizados nas obras gigantescas. A chegada das usinas foi uma virada de página na história de Porto Velho. A cidade pacata, onde era possível dormir com as janelas abertas mudou. A violência e a criminalidade imperam, mas é o preço do desenvolvimento, do progresso.
Hoje a maior parte da energia elétrica produzida pelas duas usinas de Rondônia vai para Araraquara, no interior do São Paulo, que atende boa parte do maior parque industrial do Brasil, São Paulo. Santo Antônio é a quinta maior hidrelétrica do País e Jirau a sétima.
Muito pouco de a energia elétrica gerada pelas usinas do Madeira atende Rondônia e a região Norte, mas hidrelétricas foram –e são– muito importantes na história da capital, que qualificou de forma significativa a mão de obra disponível, que dependia muito de pessoas de fora. Mas hoje o morador de Rondônia paga um preço alto pelo quilowatt, o quinto maior do País.
No governo Jerônimo Santana (MDB), por exemplo, primeiro governador a ser eleito pelo voto direto em Rondônia, a maioria dos secretários de Estado veio de fora como Erasmo Garanhão, das Finanças, que organizou a economia do jovem Estado, que completou recentemente 42 anos de fundação.
A desorganização do trânsito em Porto Velho não é acaso. A cidade não se preparou para o aumento repentino de sua população com a chegada das obras das usinas. O prefeito na época, Roberto Sobrinho (PT), que estava no segundo mandato não conseguiu ajustar a capital para a realidade da chegada em pouco tempo de milhares de pessoas para as obras das usinas.
Além do setor habitacional, que obteve valores astronômicos tanto para compra como para aluguel, comparados a São Paulo, por exemplo, os demais setores não estavam capacitados para o fluxo de famílias, que chegavam à cidade para trabalhar nas obras. E o trânsito não conseguiu se ajustar, porque a demanda de veículos é elevada e as motocicletas tomaram conta das ruas e avenidas “bagunçando” o que já é conturbado.
Porto Velho tem que rever a questão do trânsito, que o ex-prefeito Roberto Sobrinho ajustou em alguns setores com aberturas de várias vias centrais da cidade, mas que precisa de uma nova investida, a médio prazo, para poder atender a demanda e reduzir o número de acidentes, principalmente com motocicletas, que superlotam os Pronto Socorro João Paulo II.
O reordenamento do trânsito da Porto Velho deve ser uma das prioridades para quem pretenda ser prefeito de Porto Velho a partir do próximo ano. O povo deve cobrar um Plano Diretor viável e emergente do futuro chefe do Executivo municipal nas prioridades da próxima administração.